DA IMPERFEITA PERFEIÇÃO** GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA ###


Epígrafe:

"E a rua é angústia. Ela nos fala de uma vida que, como um rio violento, avança, avança, levando tudo, levando todos, de modo irrevogável!"(LOPES, Paulo César Carneiro, in: PREFÁCIO DE O VAZIO, setembro de 1983)

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Sonhos de liberdade em olhos de brilho intenso,

Dirigidos às ruas, transeuntes, à montanha distante,

Visões de horizonte límpido na distância a-nunciadas

Retinas vislumbram desejos de amplitude e nitidez

De perspectivas solenes a cobrirem o vazio

De soslaio o silêncio mergulha infinitos em universos,

De esguelha a carência interpenetra infinitudes em horizontes,

Ângulos soltos na luminosidade

Raios de sol incidem confins em verbo de

Pretéritos imperfeitos,

A vontade da perfeição imperfeita.

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Uni-versos de sentimentos de amor e ternura

(Minh´alma há de sair versando vozes em pleno azul celeste

Tecendo na nudez de paisagens o sono de silvestres eternos,

Minha língua há de dizer as palavras que expressem

As alamedas por onde trilhei os passos dos sentimentos de mim,

As avenidas por onde vagabundeei as náuseas, dissabores,

Angústias, desesperos, tristezas,

Representarão sendas rolando nas movências do mundo,

À moda Henri Bergson,

Em metáforas da balada que me leva a sobrevoar o mundo

que vou ainda viver

A penas voos rasantes, espairecer as ideias)

Abrem de outrora a alegria de êxtases,

De vontades longínquas e perdidas, a nostalgia

Alça vôos crepusculares e milenares.

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A alma sedenta de emoções outras silencia dores

Sofrimentos calados re-fletem no espaço nuvens

Níveo sudário agasalha a melancolia do espírito

Debaixo do sol re-criando o mundo de páginas literárias,

De linhas re-fazendo as carências do saber,

O amor cultivado em benditos contornos.

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Fumaças de quimeras, fantasias con-templadas

Comungam solidões seculares, medos milenares

De esquecimentos de pleno e eterno em dias ensimesmados

Em horas de etéreas linhas o diamante risca no horizonte o efêmero

O coração pulsa os fugazes idílios do instante

O sangue corre nas veias do tempo,

A cabeça de cachorro esmagada por veículo

Exposta aos olhares, instante-limite de horror, absurdo,

Os ouvidos ouvem canção advinda de algum sítio

De alhures, e os olhos perambulam desnorteados

Pelo panorama do chapadão a perder de vista,

Paisagem das Mangabeiras a mostrar o Sol nascendo

De por trás da neblina da Serra.

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O calor sobe, a face ruboriza de pretéritos

Imperfeitos verbos de sonhos

Perfeitas palavras de desejos e vontades de celestes paraísos

Horizontes e uni-versos indicativos à luz de sentidos amores e carícias

À sombra do sono que ad-virá de imagens outras

Re-fletidas na superfície de espelhos côncavos

Nos desertos de ilusões múltiplas.

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Horizonte e uni-versos

Sem ritmos que adornem a música do eterno

Melodia que embeleze a estrofe lírica da liberdade

Para sonhar lágrimas e emoção de esperança

O espírito con-duz as estações de paz

Re-nasce da fé o esplendor de magias.

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Compasso que ritme o verso de verbos ocultos

Em madrugadas frias de amor e espírito

Sem lírica que a língua prescreva as efusões

Da palavra que trans-cende, ascende a pena

Que retira do arco-íris as cores da tinta fresca

Que embelezará as linhas sinuosas de tempos e outrora

palavra que os sonhos mostram na sua escrita -

escrita que seguirá os seus caminhos, traços e passos,

qual andarilho à busca de suas arribas, qual mendigo dormindo no degrau da igreja São José, sonhando as misérias da bem-aventurança - as experiências,

os rituais da continuidade do tempo tecem a alegria e felicidade

por vezes de metáforas, por vezes de realidade,

a beleza é a síntese das metáforas e da realidade

qual o mito dos mistérios do Rio Santa Maria.

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Tríplices agonias seduzindo perspectivas,

Agonia de carências profusas

Trancafiadas nos cofres subconscientes,

Agonia de medos indescritíveis, restando pouco

Para serem definidos como pane dos obtusos equívocos,

Agonia de ausências que torcem as avessas da cor-agem,

Chamam-lhes à realidade de fazê-las presenças de prazeres,

Começar do inverso para atingir o verso verdadeiro,

O inverso é que revela a verdade,

Na ampulheta das moléstias psíquicas passando lerdamente,

Sendo atitude única, a que revigora os ideais,

Espírito de aventura, o saber desenhar o retrato perfeito

Das imperfeições, do Vazio que circunda a conjunctura do

Tal-agora-aqui, aliciamento para uma Serenata Zé de Beta.

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Uni-versos e horizontes

Sem in-versa razão a modular os princípios

Da alma que geme de pecado os sofrimentos

Grita de dores as culpas de imperfeitos sonhos

Sofre de medos as dúvidas de enganos

A modelarem os inícios do espírito

Que forjam a esperança de novos crepúsculos

Pretéritos ocasos...

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Raios de ínfimas partículas espalham a luz viva

A-nuncia a vida o sagrado espectro visível

Permanece da sabedoria a claridade intensa

Infinito de luzes incandescentes ilustra esperanças

Com vontade de realizar a longa espera

De horizontes e uni-versos de ilusões que trazem

O mar da vida, o espelho de cristal que re-flete

Diademas de luz na rua infinita,

Estratagemas de sombras nas calçadas nuas.

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Poesia é isto:

Adulterar as in-versas razões em sentimentos de verbos

Falsificar as re-versas emoções em versos de sentimentos

Racionalizar a poética do espírito nas líricas solenes de estrofes

Em busca da Vida.

Poema é isto:

A mão e a luva em harmonia representando

Nos versos sentimentos, emoções, cores dos ideais,

A sede do sonoro das ideias e pensamento,

O contemplar do saber e da sabedoria,

Nas estrofes, a liberdade de voar as contingências

De existir,

Silêncio de ser-no-mundo,

Solidão de estar-no-mundo,

Ressurreição...

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Que importa aos versos

As coordenadas do tempo e espaço?

Que importa aos verbos

Os uni-versos de atitudes e ações puras?

Que fio de linha tece de iluminações a dialéctica dos versos

Imperfeitos da beleza ao divino da forma?

Beber água da fonte na concha das mãos

Sacia a sede da sagrada esperança

De tudo trans-luzir, de tudo iluminar

O perfil do céu no desenho das nuvens

Que passam, repassam o sono milenar de folhas amarelas

No tapete de terras fecundas, de solos profundos,

Terrenos produtivos, neles tudo que se planta nasce viçoso.

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A vida corre

Abre sobre o Vazio o olhar sonâmbulo

A flor silenciosa de mil e uma pétalas concêntricas

Pelos céus perdida re-flete a erma planície nua

O funéreo manto do luar se recorta na paisagem sensível

O silêncio que espairece no crepúsculo o sibilo de inquietos ventos.

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Verbo de pretéritos imperfeitos

De sagrada esperança

De espírito em versos de infinita luz

De sentimentos divinos e esperanças

De líricas sagradas a fé trans-cende

A rua infinita de angústias e náuseas,

Encontros, desencontros, misérias e glórias,

No verbo do sonho amar, a cor-agem posta em mov-imento

Na movências das experiências e utopias,

Esplendores e folhas,

De utopias múltiplas o amor ilumina

A grimpa de árvores à espera da primavera

De flores e plenitude,

A copa a abrigar Utopias Dialéticas do Amor e Arte,

Arte de Amar....

#RIO DE JANEIRO(RJ), 03 DE NOVEMBRO DE 2020, 09:37 a.m.#


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