POETISA ESCRITORA E CRÍTICA LITERÁRIA Sonia Gonçalves COMENTA O AFORISMO #CADA NOTA DE MÚSICA#




Que cada nota musical desperte o rugido que grita sua alma, despertando o sentido, inspirando mais e mais, para que continue escrevendo até o último suspiro, porque a morte nos mata, mas se calar a poesia morremos antes da morte nos abraçar...Parabéns querido, lindíssimo texto explanado entre serenos e suaves sentimentos, melancolia, pois tudo quanto é sentimento faz parte do nosso existir, a pluralidade de coisas isso nos cativa e inspira, enquanto poeta que somos. Parabéns também para a linda arte da queridíssima Graça Fontis✨✨✨✍️👌👏
Sonia Gonçalves
====
Antes de tomar da pena para arrabiscar única palavra, Soninha Son, a música deve estar presente. Assim sempre fora, assim o é, assim o será, os rugidos que gritam minhalma vão florando nas linhas, sejam interditos ou manifestos, há inúmeros inda guardados a chaves de ouro. Enquanto houver único suspiro a página não ficará vazia de letras.
Beijos nossos, querida.
Manoel Ferreira Neto
====
CADA NOTA DE MÚSICA#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
====
Cada nota de música desperta algo:
Rugidos embrulhados em vaga imensa enraivecem a presença morta – o olhar avança nos trilhos, transcendendo idéias alucinadas. De quem sentimos o que é imprevisto se supõe. Encaramos o bem e o mal com o mesmo rosto. O freio possesso abre dos rigores o sonho. Por minúcias na distância, penetram na esperança faces túmidas do corpo oculto. O dúplice machado corre sobre a singrada rocha, aspergindo nas duas fontes o gesto amável e sensível.
====
Cai entre silêncio perto e rumores ao longe, distantes, a tarde em mim. Vem uma voz como uma palavra menor, gota de água acabando de sair da mina. Logo se mistura a outras, e um pequeno córrego se forma... Não mais que um instante, as coisas vão tomando a feição de uma correnteza, para logo em seguida virar uma violenta cachoeira. Já não são palavras miúdas, meus gritos; caem dentro de mim. Formam um lago, quase não consigo ler em suas águas, turvas linhas, como se por toda a vida tivesse chovido na cabeceira do rio...
====
O silêncio enclausurado rompe os limites da terra e retumbando no infinito ondas sonoras do coração em êxodo.
====
Intervém numa emoção:
Serpentes devoram mortais expulsos desta terra maculada de deuses. Por limites, as águas apartam da morte olhos perspicazes não perturbados pela embriaguez. Muitas vezes. Muitas vezes quando a luz se apaga sobre minha insônia, pergunto-me – fazia-o mais assiduamente – com os ossos entre(dedos): de onde vem esta indiferença? De onde me vem este mal-estar que não me permite estar em lugar algum?
====
Ninguém encontrou ainda o meio de acalmar com a música e com os acordes da harpa, do violino, da cítara os sombrios pesares dos mortais, senti-los, conhecê-los, vivê-los, vivenciá-los, quê imensa tristeza, inatingível, inalcançável, contudo reais, verdadeiros... sombrios pesares...
====
Interfere num sentimento:
Ao julgo do vento, os olhos cerram-se-me adormecidos, cobrindo de insultos a agonia dilatada. Campos de sangue rompem, na maldita conjuntura, as dilações insondáveis. Mãos fixas revolvem os funerais gargânteos do fogo. Sensações amargas volteiam desejos de sombras irrefletidas nos gestos incertos.
====
Substitui a vida besta pela visão metropolitana do mundo:
Debruço-me sobre cada átimo de segundo, sentindo os ritmos do tempo a-nunciando-se e efemerizando-se, tento esgotá-lo; nada se passa que não capte, que não fixe para sempre em mim, nada, nem a ternura fugaz dos sentimentos, nem os ruídos da rua deserta, nem a claridade titubeante do amanhecer; e no entanto o minuto se esgota e não o retenho, ouço música, gosto que continue, a forma melódica mergulha inteira no há-de vir.
====
Deslizam suaves e serenos sentimentos repletos de leveza, quiçá prenúncio de alegrias, contentamentos, prazeres, volúpias, felicidade, por entre náuseas, tristezas, desolações, desconsolos, o corpo torce, retorce, seguindo o ritmo, os pés tocam o chão continuamente, a dança, talvez a chamasse "dança dos entornos", porque são tantos adornos, entre isto e aquilo, entre os sons de angústias e melancolias de outroras, entre o ritmo voluptuoso das gotículas da chuva batendo no telhado, inspirando na curva da estrada in-finita... lá não digo, dissesse-o ruínas e des-assossego adviriam, mesmo porque o instante da música ultrapassa a in-finitude do tempo, o que dissesse sucumbiria no lote das cretinices vago, in-verdades... sei que assim ouço a música, seria que pudesse cognominar isto de "viagem ao som dos interditos e inauditos, ritmos, melodias, acordes em uníssono, crises existenciais profundas, a querença do que trans-cenda o som, perder-me inteiro..., mas é tão real no semblante, na fisionomia, no olhar que não iria precisar qualquer referência...", chamo-lhe ramble tamble... mas o que isto significa? O que importa?... e lá vou eu ramblando, tamblando por meus desertos e terrenos baldios.
====
Fosse eu começar a investigar as coisas!...


#riodejaneiro#, 23 de outubro de 2019#

Comentários