@CREDENCIE-SE NA QUERENÇA@ PINTURA: Graça Fontis Manoel Ferreira Neto: DITIRAMBO



Se hoje desenho um barquinho na superfície das águas no rio, deixando-lhe distanciar-se, amanhã na alma a felicidade da inspiração criando o trajeto para o absoluto da fantasia.
====
Não sinto nenhuma bravura...
Nem mesmo tristeza,
Nos olhos seus,
Mas olho para você todos os dias.
====
Presentemente, é provável que a procela o amachuque
O coração mortifique o quimérico, espicaçando-se
Com o padecimento ou apavorando-se com o fenecimento...
Não se olvide, contudo, de que devir será
Distinto dia
O trilho achasse à sua espera, pé na via, instale uma quimera na alma,
Crença no coração e expectativa na mochila, a existência se atufa de originalidades
Para os que se arriscam na jornada que orienta a verídica independência.
====
A invenção de deuses,
Artistas e homens superiores
De toda índole, estirpe,
Assim como de seres humanos
Inferiores, existência paralela,
Sátiros, demônios e diabos,
Palhaços, críticos e sacis-pererês,
É um ensaio, treino
Inestimável para a justificativa
Do domínio do ego,
Soberania do indivíduo,
Espírito livre, espírito di-verso
Do ser humano,
A força de criar novos olhos
Próprios, e sempre, de novo, novamente
Inda mais próximos.
====
Se hoje ouço músicas, deixando-me voado ao ritmo e acordes, fantasiando as dialéticas do som e do inaudito, na alma emoções tecendo os sonhos da estesia da verdade, amanhã debulho as contas do terço, rogando a plen-itude do silêncio, a nad-itude da solidão, aquela da ausência do outro, quando a música das sorrelfas esplende o sentido da vida eterna.
====
Erga, pois, o seu observar e jornadeie.
Peleja e beneficie. Instrua e antecipe-se.
Fulgure a antemanhã além da escuridão.
====
Se hoje proseio livres causos folclóricos, re-velando com simplicidade o hilário da sociedade, velando-lhes as idiotices, complexos de ovelhas, seguidos das neuroses ovelh-éticas, mostrando as hipocrisias, amanhã emudeço a prosa, recosto-me no parapeito da janela no alvorecer, deixando os olhos distantes, no íntimo sentimentos de ilusões do eterno, tudo é passageiro.
====
Encoraje-se no satisfatoriamente e aguarde com resignação.
Tudo excede e tudo se recapitula na terra,
Tudo se res-gata nos mata-burros do mundo,
Tudo se re-cupera no inconsciente de má-fé,
Continuamente, na continuidade dos jogos, trambiques,
Mas o que surge do páramo ficará.
====
De todos os descontentes os mais desventurados
São os que esbanjaram a fidúcia em Todo-Poderoso e
Em si próprio, porque o superior "desaire" é
Padecer a carência da confiança e continuar existindo,
Ausência da criatividade e continuar cheirando o in-finitivo
Dos verbos anômalos, defectivos,
À espera de que eles cheirem
Das gafes as gafect-itudes..., boduns das impotências,
Gafectivos estilos,
Gafectivas estilísticas,
Semânticas, quê teatro dramático
De asnices da Arte da Palavra.
====
Se hoje vislumbro as nuvens brancas, sentindo os gerúndios de pretéritos que foram luzes a incidirem nos horizontes das esperanças do belo e eterno, amanhã recostado na amurada da ponte de um córrego, olho as águas turvas passando, pensando no particípio infinitivo de desejos do perene.
====
Sempre em frente
Não deixe a sua asseveração entre as obscuridades do Universo.
Ainda que os seus plintos permaneçam gotejando, sempre
Em frente, elevando-se por claridade celestial, arriba
De si próprio.
====
Se a fidúcia haver,
a incerteza se debelará,
as questões serão replicadas,
e os discursos lograrão ser patenteados.
Quiçá não seja um amor perene.
E não é uma querença abalada,
Nem um bem-querer utópico.
Mas um bem-querer verídico.
Aquele que extrapola os estorvos
Forçados pela existência e pelas conjunturas.
Aquele que não teme a eleição,
E emprenha a escolha genuinamente:
Ser veemente sentidos.
====
Credencie-se na querença celestial!


#riodejaneiro#, 28 de outubro de 2019#

Comentários