FONTE LUMINOSA DO TEMPLO DE FESMONE I PARTE # GRAÇA PINTURA: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



I
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Sete selvagens do amor entre os dois sexos foram tão dignificados e endeusados, como ocorre em todos os tempos, a ponto de, a partir deste nível de amor, adotarem o conceito de amor como o oposto do egoísmo, talvez fosse a sua expressão mais evidente. Os que nada possuem e os cobiçosos criam este modo de falar.
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Sete intenções de conhecermo-nos a nós mesmos, o mais individualmente possível, e sabermos que o conhecimento em si também torna-se continuamente mais amplo por inter-médio do caráter da consciência e é transferido de volta à perspectiva de rebanho, ficaram presos aos nós da gramática(a metafísica do povo), tudo que é consciente torna-se relativamente ignorante.
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Sete fogueiras serão necessárias ao redor, à soalheira da choupana, para a síntese das faíscas ascenderem os desejos e inspirações da vaidade, felicidade comovente das noites secretas e misteriosas da alma, onde causa e efeito parecem desconectarem-se, desconjuntarem-se.
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Sete benevolências e compassividades que também chamam de amor a recém-despertada cobiça por uma nova posse, e sente prazer, êxtase, tensão nisto, como se fosse nova conquista, querem o poder incondicional sobre a alma e o corpo, habitando e dominando a alma do outro como o ser mais elevado e desejável.
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Sete prescrições médicas da alma e suas recomendações de respeito aos horários de ingestão dos medicamentos, permitem perquirir se esta vida efetivamente é dolorosa, difícil o suficiente, para a trocar, com vantagem, por um estóica e cristalizada?
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Sete palavras, motivos, gestos convincentes e, no geral, clara espiritualidade em que a vida se aproxima dos abismos e o indivíduo real, concreto eventualmente perde a cabeça e certamente a esplendorosa fala, desviam o alimento mais agradável para o orgulho; critico aqui o poeta dramático, por não transformar tudo em razão e palavra, mas continua mantendo consigo um resto de silêncio.
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Sete agulhas teceram o sudário que cobre o corpo do tempo à luz do efêmero e eterno, bailando nas bordas do vento longínquo a caminho do além.
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Sete chaves de ouro ilustram o soneto das dialécticas do "eu poético" e as con-ting-ências, templando as rimas de ritmos e melodias das forclusions e da felicidade plena.
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Sete notas dedilhadas no violão deram origem ao cântico dos cânticos, esplendendo de ritmos as versatilidades da verdade re-vestida de verbos a con-jugarem os temas do belo, projetando de enredos e melodias do absoluto re-nascido nos interstícios do abismo habitado de vazios e solidões.
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Sete ad-versos coriscos pintam no espaço celeste imagens brilhantes e cintilantes do obtuso que velam o in-audito do uni-verso.
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Sete faíscas riscaram o crepúsculo de nuvens escuras, iluminando a genesis do ad-vir de estrelas e lua suspensa nos sonos de prata.
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Sete cortes de pensamentos, idéias, utopias, quimeras, ideais, estilo, linguagem balançando na rede do templo de misióticas cristalinas.
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Sete vidas que são lapsos, que são riscos, que são risos, que são cortes trazem o vento, trazem folhas caídas, roladas, tormento, silêncios presos nos lábios desertos.


#riodejaneiro#, 19 de outubro de 2019#

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