#INSTANTE-LIMITE DO PRETÉRITO RECENTE# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



Congruências
Vertentes, quantas esperanças floram nas almas
Suspensas no tempo, sonhando o saber
Que é dimensão real das carências de sentimentos
Profusos além das dúvidas, indecisões?
Quase um espelho diverte o incerto movimento,
Múltiplas palavras em feixe subindo,
Desejos escolhem futuras verdades
Quero encaixar com precisão
- saber é preciso: sentimentos presentes patenteiam
com esmero e perspicácia as perspectivas -
O ar que gira o cata-vento no cume da colina
E a maresia marítima, efusão de amor,
Onde me inspiro...
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Nada
Proscrito à certeza de nonsenses
Que trans-crevem retrógradas ideologias nos
Pergaminhos dogmáticos,
Convite suntuoso aos prazeres vazios.
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Nonsenses
Performados às solércias da inteligência
Que alumbram as contingências da alegria efêmera,
Figurando-a no instante-limite do pretérito recente,
Para afagá-la na madrugada de insônia,
Que elenca as ipseidades da ausência do "eu",
Emoldurando-a de fantasias do amor que tudo salva,
Amor omni-presente,
Amor omnis-ciente,
Amor absoluto, de dúvidas e verdades
E o coração se exila no mais recôndito do deserto,
Se isola no mais profundo da caverna,
O de que necessita mesmo é a consciência
Da sensibilidade que intui, percebe o Ser.
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Incongruências
Tardias as verdades do efêmero, precoces as quimeras
Que numinam as sendas sublimes do eterno
Eterna a existência, que sonhos alimentarem as carências,
Que utopias abrirem as venezianas do tempo às visões
Conscientes da mais profunda seriedade
Em relação à verdade,
Que esperanças chamejarem o desejo do ser?
Pensamentos... Idéias... Reflexões...
Quase um princípio irreversível:
Vive-se por nada, de nada se vive.
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Vazios
Des-construídos da evidência da subjetividade,
O que implica outra voz
Que não a monocórdia da ciência,
Pluralidade de vozes que se perdem no tempo,
Como a "vida dos homens infames"
No sentido não de execráveis, mas de sem fama,
Momento exultante do intelecto:
Encontra segredos da vida íntima
Que floram na floração do afago às dimensões
Intuitivas, perceptivas, inspirativas,
Isto antecipa o estado d´alma,
Andar pelo mundo,
O mar-tempo é con-templado à distância,
Ao outro lado das esperanças e utopias,
E o mundo é sólido, concreto, massificado,
A terra, promessa, dádiva do imaginário,
As águas dos rios, corrégos, lagoas, mar, oceano
A-nunciam-se, a-presentam-se, pres-ent-ificam-se
Dádivas,
Pode-se con-templar o espectáculo de janela
Aberta à natureza, pretéritas lembranças do quintal
Existencial de busca e querenças...
Recordações primevas do crepúsculo de fazenda,
Gado pastando no alvorecer, guardiães da noite
Em direção a outros horizontes de sussurros, ruminâncias...
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Náuseas
Des-embrulhado o estomâgo da alimentação,
Hipocrisias à moda de taça de vinho,
Gole por gole lentamente,
Sentindo-lhe o gosto, a sua delícia,
Porção de falsidade, farsa, mentira, simulação,
Sendo a malagueta a aparência,
Convite ao câncer corrosivo,
Aquele: logo é descoberto pelos médicos, o des-enlace
Mefistófeles chama aos seus braços acolhedores,
Pres-ent-ificadas as dimensões racionais, intelectuais,
Emocionais são um convite a salmão com whisky Ballantine´s,
São ácidos críticos, mofas, mangofas, escárnios,
"Segura peão...", proferem com intenção injuriosa.
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Particularidades
Sujeito, desejo, vontade, vida
Mas diferindo de sua apreensão total,
Apresentá-la no discurso referencial que intenta
Narrar a vida,
O melhor seria narrar, des-crever, manu-screver
Os sentimentos, emoções, desejos, esperanças, utopias
Em sintonia com as sorrelfas, fantasias, imaginações,
Habitando o Verbo do Verso de Existir as contradições,
Dialécticas.
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Com que bebida, que prato especial
Para comemorar estas particularidades?
Sugestão:
Um churrasco de picanha,
Um Seager´s original,
Rodela de limão e gelo,
Salivo de prazer,
À beira-mar...


#riodejaneiro#, 24 de outubro de 2019





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