SUPRASSUMIDO O QUE SERIA DITO SE OLVIDADO GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto/GRAÇA FONTIS: POEMA




Sem inspiração
Vertigens de ideias esparsas
Vertentes de verbos esvaecidos nas sombras
Distante o silêncio da ausência de sons
Nada, travessia vazia
Absurdos os sentimentos aquecidos na fogueira
Chamas in-versadas de brilhos amiúdes
Presença de instantes efêmeros
A alma suspensa nos tempos remotos da solidão
Falha, falta, sentido perdido no vai-e-vem
De um desejo incólume de olvidar
O esquecimento nos recônditos inconscientes
Onde palpita o desconhecido da verdade
Onde ferve o não-ser que começa
No re-verso das quimeras para alcançar
A liberdade deslizando solene na paixão
Despe-se, deste minuto, a veste do porvir
Des-nuda-se a língua de palavras inter-ditas
No crepúsculo sombrio e sorumbático
O nada esvazia-se de dimensões metafísicas
Abisma-se nas cavernas destituídas de enigmas
Chafurda-se nas grutas desprovidas de mistérios
Deseja escafeder-se, ressumir-se no etéreo
A claridade do mundo incomoda-lhe as vistas
Solipsistas da metafísica sem eiras e beiras
O inferno é mais além do cócito dos equívocos
Destros das gauches inspirações que nada
Inscrevem nas tábuas do efêmero
Inequívocos os ventos que sopram a poeira
Dos becos solitários...
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Sem inspiração
Esvoaçar perdido nos jogos da mente
Deixar a alma ruminar desolada
O que perdeu nas folhas da memória
Nas páginas da lembrança esquecida do tempo
Demônios pervagando desatinados
O presente que não lhes é cabido
Sem cabimento os medos
Por que haveria de tecer com engenhosidade
E perspicácia o que existe apenas
No que é incognoscível, ininteligível?
Sumido ergo as cogitâncias da in-verdade
Dos tristes trópicos, náuseas utópicas
Balelas, falácias contraditadas de nonsenses.
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Pelo prisma inteligível elevo o volume
Atinge veras cognoscíveis no respiro do espírito
No ar os respingos contestáveis emotivam, abrasam
Ao caírem da boca as emoções que o vento traz
E o eidos do coração expele
No passo à frente do tempo que o pendulum marca
Nas fraquezas que movem os instintos
E importa sofrência, lutas e traves
No complexo das tintas, formatadas expressam
Dote primevo dos sons romanesco
República ansiosa credita lucidez, reluz, é confiante
Na compatibilidade dos sonhos marginais
A nortearem fustigâncias as sementes vivas e equilibradas
Na silenciosidade dos interditos não olvidados...
#riodejaneiro#, 20 de julho de 2019#

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