DERRADEIRAS ÚLTIMAS DO PASQUIM GRAÇA FONTIS: FOTO Manoel Ferreira Neto: PROSA



Hoje, à tarde, nosso rumo não seria outro senão o Quiosque da Rose/Zinda, Praia da Luz, para escrevermos nossas cositas juntos. Por mim, escrever à beira-mar é um medicamento dos supimpas para aqueles momentos de angústia, por a inspiração haver-se re-colhido, convoco-a novamente por só olhar o mar, a infinitude das águas, as montanhas, retorna ainda mais eivada de sentimentos e emoções outros, e também aquele sentimento/sensação de prazer, contentamento, às vezes difícil por a melancolia e a nostalgia tomarem-me por inteiro, e as palavras sobrevoando as ondas marítimas, em sentido contrário, as ondas vem à praia, as palavras seguem à busca do infinito, sibilam, soltam gritos, e sigo a viagem... Por minha amada e mucho querida esposa e companheira das artes, escrever à beira-mar significa a sua liberdade, soltura para o pensamento das palavras, para a escritura, por assim estar distante dos afazeres domésticos, preocupações, enquanto comemos o nosso peixe à modas diferentes, tomamos a nossa cerveja. E neste sentido, perscrutando alguns momentos, creio sim que à beira-mar ela melhor sente as palavras, degusta-as com mais prazer, os sentimentos e emoções se banham nas ondas marítimas que se esparramam na praia, pensa, sente as palavras...


Pessoas quiça haja que pensam na escritura de nossos textos juntos trocamos idéias a respeito de nossas idéias, aquilo mesmo de o que é mais poético escrever assim ou daquele modo... Nada disso. Toma ela a pena, abre a agenda e começa a escrever, consulta escritos anteriores, embebe-se de algumas idéias, e começa o seu ritual que particularmente conceituo eu de "ritual do vazio", por re-colher, a-colher as dimensões in totum da vida, embora a pequenez do poeta, do escritor para revelar isto, colhemos aqui e ali as coisas da vida, após re-colher e a-colher o efêmero, as angústias e buscas da vida. Tomo a pena e sigo a linha, vejo a pena deslizar no papel, seguindo as linhas, em mim o sensível, a alma, quando então sinto presente o poema de papel... Nada disso de trocar idéias sobre o que escrever, cada um siga o seu rumo. Acontece de pedirmos um ao outro para ler o que está escrito, mas no início da escritura, escrevo eu, escreve ela.


Chegando à praia, antes de começar a escrever, disse-me a companheira das artes a respeito da crítica literária. Dei-lhe eu cinco perguntinhas de uma entrevista neste Projeto #RE-TROSPECTIVA CRÍTICA LITERÁRIA.", todas as críticas receberam as suas perguntas. Dizia-me ela sobre isto de ser crítico literário, é uma coisa muito séria, alfim está-se revelando o que pensa da "escritura" de uma pessoa, está-se colocando a liberdade em questão bem sutil. A sinceridade, a dignidade, a honra, a seriedade, a responsabilidade que isto significa. Acontece de alguém escrever uma obra de certos valores inestimáveis, mas isto não significa que tenha dons e talentos, critica a obra, reconhece-a, não delonga muito a pessoa mostra algo de eminência inferior, não tem talento e dom, o nome do crítico que "lançou" entra em jogo inevitavelmente. Simplesmente disse-lhe: "Deixe a crítica se revelar espontaneamente, assim não entrará nesta barafunda sem limites. As pessoas a quem reconheci os dons e talentos não me deixaram de espartilhos. Mostraram-se inda mais, afloraram seus dons e talentos com primor. A crítica é livre, meu amor. Deixe a liberdade dela acontecer em você".


Projectos implicam muitas circunstâncias, detalhes, pormenores. A questão das fotos para ilustrarem as obras. Era mister que tirássemos. Não gosto de uma só cara para todas as coisas, quem aprecia, ama de paixão o repeteco é papagaio, isto não sou. Pedimos a nossa amiga Rose que as tirasse para nós.


Não mais falamos de crítica literária. O que importava era escrever.


#riodejaneiro#, 13 de julho de 2019#

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