CRÍTICA LITERÁRIA, PINTORA E ESCRITORA, GRAÇA FONTIS, ENTREVISTA Manoel Ferreira Neto - PROJECTO #RE-TROSPECTIVA CRÍTICA LITERÁRIA#



Para entender melhor o seu pensar, escritor Manoel Ferreira Neto, sobre certas questões que nos intrigam e requerem maior esclarecimento ao leitor.


GRAÇA FONTIS: O que o levou a escrever a prosa CRÍTICO PEQUENÁRIO DO NADA?


Manoel Ferreira Neto: O Nada transcende-me, sou pequeno diante dele. Criticando-o, pequeno que sou, com as tintas de minha condição, é que o alcançarei, atingirei, com ele farei a mim no mundo. O Nada é o meu Caminho de Luz nas Trevas, o símbolo milenário das buscas do Ser.


GRAÇA FONTIS: Tendo dito: não gosto dos homens, o que realmente o escritor quis dizer?


Manoel Ferreira Neto: Isto mesmo que disse: não gosto dos homens. Significa dizer que não convivo com autoridades, racionalismos, poder. Se não forem representantes egrégios destas três cositas, não são homens. Nunca me dou com os homens, somo muitos inimigos na vida. Tenho apenas dois grandes amigos, o escritor memorialista curvelano, Antônio Nilzo Duarte e o Prefeito de Curvelo, Maurilio Guimaraes. As mulheres são sensíveis, subjetivas, sentem as coisas profundamente, vivem o espírito da vida. Considero e re-conheço a inteligência das mulheres muito superior à dos homens. Não tenho uma inimiga sequer, tenho algumas amigas, convivência agradável, respeitadora, a ética e a moral rolam com finesse, e amigas de há muitos anos.


GRAÇA FONTIS : Como definiria ser escritor?


Manoel Ferreira Neto: Pergunta que não se cala, por onde andar o escritor ser-lhe-á feito este questionamento, rádio, jornal, televisão, shoppings, conferências, lá vem toda "empiriguitada".
Perguntaram a Dostoiévski, adolescente, sonhava ser escritor, o que era preciso para ser escritor. Questionamento com suas diferenças particulares. Dostoiévski, categórico, direto e verdadeiro respondera: "Sofrer, sofrer, sofrer... Disto é preciso para ser escritor".
Respondo eu: O escritor são sensibilidade, sonhos, utopias, responsabilidade com os ideais, pensamentos, entrega às esperanças da humanidade. Para mim, neste âmbito, a razão e o intelecto são utensílios da sensibilidade... Sobretudo a busca da Consciência-Estética-Ética, e para chegar a isto a entrega deve ser realizada in totum, será a vida inteira à procura dela.


GRAÇA FONTIS: Em verdade, como reconhece o escritor ipsis litteris?


Manoel Ferreira Neto: Bem, essa questão traz em si sentido da anterior, mas há o que considerar nesta. A linguagem e o estilo autênticos, singulares, particulares, trazendo em si influências de todos os níveis, mas suprassumindo-as. Num exemplo, Graciliano Ramos é Graciliano Ramos, estilo e linguagem re-colhidos e a-colhidos de sua própria existência. Joaquim Lúcio Cardoso, autor de Crônica da Casa Assassinada, é ele próprio. Grandíssimo amigo de Clarice Lispector, tendo ela contribuído em certos níveis da Literatura dele, mas ele, a sua singularidade. Como crítico literário que assumo, não trazendo em si mesmo na linguagem e estilo, não reconheço escritor, mas se tiver dons e talentos fico à espreita. Já lancei alguns escritores em cena, Ana Júlia Machado, você, Graça Fontis, Marcos Antônio Alvarenga, fi-los acreditar no próprio dom, talento, linguagem e estilo eles mesmos, e seguem de cabeça erguida as sendas das Letras. Lancei vocês as críticas, Ana Júlia Machado, Sonia Gonçalves, você, tinham dons e talentos e não eram conscientes disso.


GRAÇA FONTIS: Para você, é preciso ensino acadêmico para tornar-se escritor?


Manoel Ferreira Neto: O ensino acadêmico traz em si importâncias múltiplas, pois significa ipsis verbis in-vestigação. Faz-se mister in-vestigar os dons, talentos, capacidades, limites, só mesmo o ensino acadêmico para orientar esta caminhada. Para tornar-se escritor, sim. Mas para ser escritor de modo algum: ser escritor é existir o espírito da vida, isto é ao longo das contingências da dor, do prazer, do sofrimento, da alegria..., o efêmero. O ensino acadêmico torna-se uma "bússola" das investigações. Mas reconheci escritor um fazendeiro da Beira do Rio das Velhas, Marcos Antônio Alvarenga, com apenas o ensino primário, escrevendo ensaios sobre algumas de suas obras em jornal, mas sensibilidade do espírito da vida do "caipira". Reconheço Cora Coralina... Sensibilidade, trazem em si o Espírito da Vida, da Existência.


GRAÇA FONTIS: Por que a morte o intriga tanto e é tão funesta para você?


Manoel Ferreira Neto: Amo a vida, apesar das contingências de sofrimento e dor, contradições de bem e mal. É o des-conhecido... Há algo ou não após a morte? Funesta é para mim devido a decomposição do corpo de por baixo da terra, tornar-me cinzas. Psicanalista já me deixou de calça curta com isto das cinzas. Mas ficou algo de importante: quero sentir profundo o Ser, construí-lo, antes de morrer preciso fazê-lo.


GRAÇA FONTIS: Hoje, com 63 anos, qual é ou será o maior sonho do escritor Manoel Ferreira Neto por realizar?


Manoel Ferreira Neto: Com única palavra respondo: "Ser quem sou no mundo". Não dou mais a mínima para isto de publicação de livro, o importante é que escrevi e o acervo fica para o futuro. Van Gogh só vendeu uma tela sua, hoje sua obra não tem preço. Foi quem foi em sua existência.


GRAÇA FONTIS: Se Manoel Ferreira Neto se postar a escrever um romance, abordaria a contemporaneidade com todos os seus problemas ou falaria de amor?


Manoel Ferreira Neto: Abordaria a existência em nível da busca do Ser, e para isto só há um caminho o Amor. Encontrei o Amor da minha vida aos 60 anos, reconheço-me privilegiado. O que abordaria é a vida de pessoas diante do quotidiano da vida, medos, questionamentos, angústias, desesperos, fracassos, frustrações, no coração a esperança do Ser.


GRAÇA FONTIS: Afinal, o homem Manoel Ferreira Neto crê ou não na existência de Deus?


Manoel Ferreira Neto: Não acredito em Deus. A Teologia e a Filosofia provam a existência d´Ele. Para eu acreditar em algo, somente a existência dele não me convence. Acredito na Vida porque se a fizer, tirada do quotidiano das coisas e do mundo, ela me mostrará os resultados.


GRAÇA FONTIS: Para encerrar esta entrevista, é verdade que você prioriza polêmicas inteligentes àquelas em que nada somaria ao seu intelecto criativo?


Manoel Ferreira Neto: Sim, claro. Futebol, Esportes, Política não me acrescentam em nada. Não gosto de Política. Não gostar não significa não procurar ser consciente. Votei em Bolsonaro porque era necessário retirar o PT do Poder, exclusivamente o Lula. Não acredito em Bolsonaro, não acredito no Exército. Não acredito na Democracia. Para mim, o único grande Presidente Brasileiro foi Getúlio Vargas. De todas as outras polêmicas participo, contribuem sobremodo com as minhas utopias e sonhos.


#riodejaneiro#, 26 de julho de 2019#

Comentários