GRAÇA FONTIS PINTORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA ANALISA E INTERPRETA ESTETICAMENTE A PROSA "FRESCAS MANHÃS DE OUTONO"



Para eu dizer algo ou comentar um texto de Manoel Ferreira Neto poderá soar obsoleto dentre todos já lidos deixando-me em êxtases, mas também ciente da minha pequenez frente à sua obra. Daí, mais uma vez atrevo-me nesta "Frescas Manhãs de Outono", dizer que não se trata de algazarras, mas, sim uma bela e deliciosa festa em que as palavras alegres e saltitantes são protagonistas deste vai-e-vem das estações, impulsionando floradas circulantes às sensibilidades e revolvendo os sentimentos além das dimensões delimitadas do próprio "Eu" indeciso no balanço dos prós e contras frente à imponência com que estas se apresentam; assim, numa frequência de baixas e altas temperaturas que lhe acende o otimismo festivo tornando-o partícipe desta festa, volvido às frivolidades mega narcisísticas inerentes à libidez mais acentuada que transcendem às expectativas em cada estação, ultrapassando a linha do imaginário, deixando-o alheio às irreverências do tempo, quando numa espontaneidade intuitiva vê-se sacoteando-se e chacoalhando-se nas folhas secas do outono de uma fresca manhã não prevista na futurologia e já cometido por um sorriso na face que não se apaga, quiçá até o encontro com as belas nuances do in-verno.

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Taí, meu querido, achei o texto maravilhoso, mas daí escrever sobre sua obra vai um longo caminho, né?... Grata pela oportunidade de aprender mais e mais quando te leio. Parabéns. Beijinhos.

Graça Fontis

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Interpretem, analisem, vejam sob este e aqueloutro prisma, ângulo de visão, mas a verdade particular e íntima outra não poderia deixar de ser senão o facto de seu crescimento e amadurecimento com a crítica literária, com o seu entender e compreender a minha obra, o des-vendamento e desvelamento, desnudamento do sentido e significado, envolvido com a linguística, semântica, signos, metáforas, metafísicas das estações do ano, a linguagem e o estilo de revelar o que habita a alma, o que lhe vai dentro, e também des-enovelando o homem das estranhas da intelectualidade, mostrando o homem por inteiro... E tudo isto num tempo de se ad-mirar, respeitar, considerar, reconhecer bastante curto para esta revelação do outono de mim mesmo nas frescas manhãs de outono. Parabéns, tirando-lhe o chapéu em sinal de gratidão. Continue esta trajetória de entrega às Letras, à Filosofia, aos sarrabiscos das críticas, poesia, literatura, esta ansiedade por comer a cultura, a intelectualidade com os olhos, sendo isto uma influência da Pintura, são os olhos que delineiam o pintar, e alcançará frutos deliciosos.

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Se quer saber de uma coisa: negligencio-me no sentido de repreender-me por não haver dito sobre o outono, acabei falando do in-verno, mas em verdade falei do outono, um joguinho interessante que nalgumas perspectivas de análises e interpretações poder-se-ia dizer haver criado especificamente para este texto. O silêncio diz mais que as palavras E isto é toda a sua crítica ao "Frescas Manhãs de Outono". Outono bem diferente, pois que vivido no Rio de Janeiro, bem diferente do de Minas Gerais, Centro-Norte, Belo Horizonte, Outono Carioca. E você mostra isto com clareza, a mudança da linguagem e do estilo que venho apreendendo numa ilha do Rio de Janeiro, Ilha de Itaoca, são outras vertentes de minha subjetividade, intelectualidade, que trazem-me mais tranquilidade para a inquietação que me habita, e por inter-médio disso os novos conhecimentos que vou adquirindo uma visão mais profunda do sentido e significado de criar uma Obra Literária-Poética-Filosófica. Refiro-me à sua crítica mesma, e também sob outro aspecto a nossa vida conjugal, dia a dia de todas as situações e circunstâncias na vida e nas artes. As manhãs de outono na Ilha de Itaoca são frescas, sente-se inda mais presente a maresia do mar, e isto é um tesouro para a sensibilidade, o comer as coisas e as palavras com os olhos. Sobretudo, a nossa experiência de escrevermos juntos um texto, poema, na Praia da Luz, no Quiosque da Any, de nossa nora, sentindo o Outono presente e até as ondas do mar apresentam alguma diferença, inda que só percebida através dos linces ópticos. Esta experiência de escrever juntos tem sido sobremodo importante, ajuda a desenvolver sua linguagem e estilo, como você mesma diz: "Deslizo com mais desenvoltura a minha linguagem, estilo." Aborda a linguística, semântica, metáfora, metalinguagem, metafísica e a filosofia da estética que você mesma está desenvolvendo, a sua visão da estética literária e filosófica existente na minha obra, e como você sente esta estética.

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Sou-lhe eternamente grato, meu Querubinzinho amado, por todas as cositas que criamos e inventamos juntos, por toda a nossa vivência e convivência nas estradas da existência à busca de nossa Liberdade de Ser quem somos, sem pejos, culpas e remorsos. Entregamos-nos a isto: a liberdade posta em questão, a liberdade de sermos quem somos à busca de utopias e verdades.

Manoel Ferreira Neto.

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#FRESCAS MANHÃS DE OUTONO#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: PROSA

Escrever...

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As manhãs de outono são mais frescas. Quem sabe seja título interessante "Outono de Mim". O amor incondicional é pelo inverno: vira-me pelo avesso, sou pura sensibilidade. Sinto-me escrevendo, sinto aquela algazarra das palavras na alma, aquele olharzinho de ciúme entre elas: "Eu que deveria ser escrita primeiro. Não você", isto sem contar o fato de a iluminação ser apenas coadjuvante, não sei dizer o que vai além da iluminação, sinto-a, as idéias fluem leves; enquanto escrevo, assobio, canto. Alguma dimensão trans-cendental de mim. Clarice Lispector disse que as palavras são a quarta dimensão dela. Escrever no inverno é a minha quinta dimensão trans-cendental.

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Assim que disse o titulo interessante seria "Outono de Mim" senti um arzinho de traição, trairia o inverno, ou melhor, o meu amor incondicional por ele. Decidi, então, tecer breve consideração sobre como me sinto escrevendo no inverno. A porta para entrar no "outono" seria esta consideração.

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O tiro saiu pela culatra. A manhã fresca de início de outono esvaeceu-se, embora a frescura continue, fazendo-me sentir bem. Iria dizer da frescura. Esvaeceu-se. Em verdade, em verdade, fiquei sem estações climáticas, nem outono, nem inverno.

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Deveria não ter considerado o amor incondicional pelo inverno, esquecido disso de "traição", escrito o Outono de Mim. Ou deixado a consideração sobre o inverno para o final, alfim o inverno vem depois do outono.

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Agora é con-viver com este sentimento de não ter escrito sobre a frescura da manhã de outono, como estou a sentir-me. Fazer o quê se o inverno e o outono esvaeceram-se em mim?

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Que loucura é esta? Surgiu-se-me que no próximo outono, ano que vem, portanto, estarei bem longe, noutras situações e circunstâncias, tudo isso será passado.

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Tive uma idéia - não sei se supimpa! Terminar este escrito, depois de tomar um banho n´água fria. A água fria restabelece todas as energias sensíveis, emocionais, sentimentais, psíquicas.

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Deem-me licença, leitor. Vou tomar o banho gelado matutino. Volto logo.

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Manhã fresca de outono. Banho matutino gelado. Amo de paixão o inverno, mas odeio água gelada. Orientação médica: estou envelhecendo, a água quente exerce péssima influência na pele, as rugas aumentam. Faço este sacrifício em nome de minha pele lisinha. As vaidades custam muito caras. Este preço de tomar banho nágua fria estou pagando. Que outro preço não esteja pagando? Isso sem contar que nada há para evitar envelhecimento da pele. Faltam-me "Muxibento" não - pelo amor de Deus! Dizem as "gatinhas" que estou muito enxuto pela minha idade, quero conservar isto; ser objeto de admiração das "gatas". Tudo vale nestes instantes da vida, até as futilidades, frivolidades. Conservar o corpo pelo menos; a alma...

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O inverno está próximo. Vou me sentir bem, maravilhosamente bem. O outono de mim é só esta frescura das manhãs, os banhos n´agua gelada. Vou-me prolongando, prosseguindo, até não sei quando. Virão o in-verno, a primavera, o verão, sucessivamente.

#RIODEJANEIRO#, 22 DE MARÇO DE 2019#

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