MISSIVA À CRÍTICA LITERÁRIA Ana Júlia Machado - RESPOSTA À ENTREVISTA CONCEDIDA




Estivera por alguns átimos de minutos refletindo sobre o dirigir-me a cada crítica literária, neste intercâmbio cultural e intelectual, uma retrospectiva crítica literária.


A Entrevista concedida por Ana Júlia Machado trouxe-me com categoria o que estava faltando para me dirigir a você, quando re-verte a pergunta a mim, isto no concernente a se as críticas à sua obra abordam o eidos de seus sonhos literários, "... penso que cabe mais ao autor saber se a análise à sua obra contribui efetivamente em algo útil para o autor."


Sim, a crítica literária é eminentemente útil para mim, ela é o Verbo, conjuga, regencia as dimensões sensíveis e intelectivas, pois re-colher e a-colher as palavras, subjetividade, sensibilidade, ideais, idéias, pensamentos do outro, patenteá-los no sentido de expressar o que intencionam, o que há de inter-dito nos versos e estrofes, e que despertam para outros universos são dois aspectos de uma mesma façanha: o verbo está se fazendo carne. A obra é constituída pela consciência de ter um inter-dito, o que a transcende e carece de ser des-velada, o crítico é invadido por visões, por perspectivas de abordagem, alfim a obra traz no seu bojo inúmeros prismas de análise e interpretação, cabendo ao crítico aproximar-se o mais que puder do eidos, o que lhe habita os interstícios. Fazendo-se carne, o verbo inicia seu dis-curso e sua interpretação, que, para ser autêntica tem que comungar-se, aderir-se à obra em todas as suas dimensões.


É neste âmbito que analiso e interpreto a utilidade, caríssima amiga, poetisa e escritora, crítica Literária, de suas análises, interpretações de minha obra. Dá-se o fenômeno de você mergulhar no verbo da obra, a carne dela é a sua intenção, o seu objetivo, o seu projeto. Revela com excelência por des-velar as idéias, pensamentos, ideais comungados e aderidos à Filosofia, Literatura, Poética e Estética, os sentimentos e emoções da criação, as utopias que daí advem. A análise e interpretação se realizam no concernente ao Eidos da Obra. A sua autenticidade com o des-velar da obra, o respeito à obra, não introduzindo coisas adversas ao que ela apresenta, subjetividades superficiais, mas a objetividade da crítica. Daí, o que sempre dissera, não lhe é fácil este desvelar, não apenas pela hermeticidade, complexidade que apresenta, mas o "re-colher", "acolher" a obra em sua intimidade, muita responsabilidade.


Assim, a sua crítica, em cinco anos de crítica literária, e sempre com o meu endosso, é você que traz a minha obra a mim, apresenta-me dimensões que desconhecia eu, aliás, não tinha a menor noção. Assenhoro-me da obra e me afirmo como sujeito dela. O verbo não é apenas o movimento da coisa e do sujeito, mas é o próprio sujeito, à medida que se faz movimento e multiplica-se em vários planos descritivos da realidade, é o esforço do Ser por abranger todas as potencialidades existenciais. Assim, fui re-colhendo e a-colhendo as suas críticas, refletindo e meditando sobre o que estava des-cobrindo de minha obra, e crescendo, amadurecendo, seguindo o meu trajecto.


Então, caríssima amiga, só posso dizer que creio sim "... somos entre-ser, ou seja, o sendo no marco e não-limite do Ser...", como você o diz nalgum momento de sua Entrevista. O verbo se torna carne entre nós, os escritores, poetas e os críticos, comunhão por excelência.


Beijos sempre!....


#riodejaneiro", 16 de julho de 2019#

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