ENSAIO-CRÍTICO DA MESTRA E AMIGA RITA HELENA NEVES SOBRE O TEXTO "SÍNTESE: HOMEM E VIDA"


**SÍNTESE: HOMEM E VIDA**
(Manoel Ferreira Neto)

Epígrafe:

Rita Helena Neves; Espiritualidade é inerente à existência humana. Digo: a espiritualidade vem no ser. Seja a do Bem ou a do Mal..."

Manoel Ferreira Neto: Concordo plenamente com você. A Espiritualidade habita no Ser, é o Eidos.

A síntese do homem e a vida a que se refere o escritor não está ligada a essa ou aquela religião.
O homem nasceu para ser o que o Criador, a quem chamamos de Deus, determinou:  que usufruísse da felicidade na Terra.
 Para isso, Deus entregou ao homem um paraíso: frutos para o seu alimento, flores para o seu deleite, amor entre os seus e a seu próximo...
Neste paraíso, então, Deus observaria a Sua criação:
“Pronto, o paraíso está completo. Cabe à humanidade fazer bom uso, preservando-o , amando uns aos outros”  .
Entretanto, Deus concedeu ao homem a capacidade de aperfeiçoar o Seu legado, fazendo uso da inteligência, inerente à humanidade .
A partir da Inteligência, Deus esperava dos homens que houvesse a prática do discernimento,  do que haveria, então, a paz entre todas as criaturas.
O paraíso terrestre é, no entanto, imenso, extenso. Daí, a necessidade do homem em ir à luta para expandí-lo ...
E assim, caminharia a vida para o homem: “A vida é assim mesmo: Morde e assopra.O que ela quer de nós e coragem!” (Guimarães Rosa)
A coragem do homem, entretanto, desceu ao plano do subterrâneo do ser. Já não era mais a coragem para o Bem comum, mas, trazendo à tona as mazelas humanas: A ganância, o espírito maligno do poder, a inveja, a cobiça, ...enfim, a coragem para exercer o Mal...
E o homem descobriu a sua composição, a  dualidade que compõe a sua totalidade: O Bem e o Mal.
Deu-se, então,  o sofrimento da humanidade.
Não era esse o princípio do fundamento divino em relação à Sua criação.
Teria sido tudo tão mais simples...
Assim, a vida passou a ser feita de escolhas: O homem decide como vai viver. Tem agora o livre arbítrio.
Mas, o homem  não escapa da morte. Dela, Desse Seu poder. Deus não abre mão.

Rita Helena Neves

**SÍNTESE: HOMEM E VIDA**

Deixo o silêncio - palavras verbais, res-postas verbais por vezes os ventos da con-ting-ências levam, foram apenas palavras, res-postas - nos declives, curvas da estrada, na extensão dos chapadões, no vácuo das igrejas, no vazio dos templos, silêncio irreversível, implacável, nos séculos e milênios presentes impreterivelmente, des-velá-lo, des-vendá-lo, da verdade só noções, intuições, percepções. Quem silencia não significa que con-sentiu, ao contrário, sentiu forte e presente a res-posta jamais para sempre seria esquecida, jamais para sempre vento ou a consumação dos tempos levaria(m). A vida quer a cor-agem das decisões, das posturas, das condutas, a vida quer a honra e a dignidade de sua ec-sistência no mundo. Magoar, ressentir o homem, seja no seu orgulho, seja na sua sensibilidade, isto acaba sendo relevado em nome do perdão, da desculpa, alfim o dogma diz que o perdão é raiz da castanheira da ressurreição, contudo fazê-lo com a vida, a vida não precisa de redenção, ressurreição, a vida é eterna, sua res-posta é categórica, seu silêncio é imortal. A travessia do homem à vida traz na sua algibeira, alforje, bojo o espírito da cor-agem insofismável e incólume das ações e atitudes.
Deixo que reserve na mente o lugar do pensamento dos éritos do passado, húmus e sementes da vida que se fora constituindo das situações e circunstâncias da imanências, suas ipseidades, tornando-se luz de si própria, projetando-se livremente ao além da simples e mera espiritualidade, pro-jetando-se ao verbo in-fin-itivo do ser. O homem desde a eternidade serve a um deus, com o ad-vento do cristianismo a Deus, de quem espera amparo, proteção, segurança nas con-tingências da ec-sistência, de quem espera a redenção, ressurreição. Na verdade, na verdade, o homem serve à vida, ela é a vereda para o verbo e para o ser. A cor-agem das decisões, das posturas, das condutas, o que a vida quer dos homens, é justamente para na morte mergulharmo-nos nela eternamente, sermos-lhe in-fin-itivamente para sempre. A fé "si-mesma" se real-iza no constituir a querência da vida das decisões, condutas e posturas impreteríveis, mordendo e assoprando os dogmas e preceitos, pois que com eles a vida termina no paraíso celestial.

Manoel Ferreira Neto.

(09 de março de 2016)

Comentários