#REDES SUSPENSAS DE LÉUS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA




EPÍGRAFE:


"...sibilos a ecoarem na solicitude múltipla e íntima dos desejos, alicerçando a vida acima das diferenças coisas e mutações..." (in #INSTANTES#, Graça Fontis)


Rede de volúpias de ecos refluírem em sol-itude, cada exílio tornar-se em muitos, extasiando sentimentos que aspiram a liberdade, "Paixão não é amor; é deslize do coração...", Que acendem as chamas dos desejos plenos de ex-tases dos sonhos perenes da verdade, das utopias efêmeras do átimo de segundo fugaz que perpassa horizontes, uni-versos, luzes da ribalta, sóis do amanhecer, das utopias do tempo que dialectizam o vento e o ser, o problema de existir, o amor sem uso que contradizem o bem e o mal, a brisa que fala impura.


Rede de pensamentos - pensar o pensamento que pensa
É mister entregar-se à consciência do nada, palavras eruditas não tem qualquer substância - que tecem a filosofia e a poesia, filosofia poética, poesia filosófica, que pro-jectam as expectativas do sublime, a estética da liberdade, a ética da consciência, que contingenciam as coisas do mundo, que pensam os verbos do pensar, que traçam as res extensa e cogitans com as linhas das dúvidas e questionamentos. Estou como era antes de ser, e ninguém dirá que fiquei faltando, falhando.


Lá fora o mar. O mar sem par, lá no fundo das águas os mistérios do silêncio.


Rede de ideais. Gosto de ovos cozidos, fritos com cebola, tomando vinho em copo francês. Gosto de bife com farinha,
Tomando cerveja em taça de cristal. Gosto de salmão,
Tomando gim Seager´s - quê delicia! E o Underberg então?! - que sabor divino -, numa xícara transparente com gelo e rodela de limão. Gosto de tapioca no café da manhã, tomando um cafezinho de ontem requentado. Gosto de sardinha frita, bebendo uma caipirinha. Lá fora o vento agita a natureza. Gosto no amanhecer, o sol inda por nascer, colher pitanga nos pés e chupar, caju, molhados do orvalho da madrugada.


Rede de verdades. Não aprecio curtir couro cru. Não aprecio comentar o que me não diz quaisquer sentidos, não me faz pensar, - se não faz pensar, des-penso por ser rei de vaidades. Participar do que fruto algum possa colher. Particípios sim seduzem carências e medos. Não aprecio compartilhar idéias sem alma, sem espírito, sem verbos, pinturas sem cores, sem sombras, mais aquela fortuita vaidade de criança sem ter com o que brincar, com quem se divertir, elucubra a arte como salvação do tédio, e adulta pensa que pode re-constituí-la, mesmo sem dons, talentos,
dar-lhe alguma sombra inconsciente. Aprecio con-templar a liberdade, ser quem não sou e não ser quem sou. Curtir, comentar, compartilhar. Não compartilho a sensibilidade pura,
sonhos inocentes, esperanças ingênuas, eidos de utopias destituídas de realidades.


Rede de palavras eruditas que tocam a sensibilidade, que sensibilizam a alma, que despertam fantasias, ilusões perdidas nos recantos do tempo, que ascendem a solidão às antipodas do silêncio em cujo eidos habita a esperança do além do sonho do verbo e ventos do nada.


Rede de pena que reproduz sobre a terra o que inevitavelmente a terra engolirá, dir-se-ia que ela tem medo de ser, fatalmente, humana, artificia ardilosos recursos de se enganar quanto a si mesma, exercitando uma força que não sabe dizer-se húmus de gerações vindouras, vagos cristais que reverberam a própria sombra.


#RIODEJANEIRO#, 23 DE MARÇO DE 2019#

Comentários