#O EXÍLIO E A LIBERDADE# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA




Oh, deuses da imundície
A sujeira das quimeras
É mais mínima.


Caixões esmorecem tintas que apagam a incólume memória de anos rasgando a seda presa no fio oblíquo de fumaças. A cal cofia ambíguas vestes de linho, o medo de terras recalca o andar cambaio. O ressentimento de tijolos pisa os pés descalços. A amargura de cimento ressoa o silêncio.


O mundo é o exílio. Pensava encontrar um lugar em que descansar os ossos, re-festelar os ócios, ressonar as preguiças. A liberdade é para não estar fora do mundo. Livre, cadáver de uma perdiz ou de um faisão abatido por caçador furtivo. Agora que compreendo porque em paragens tão ricas de ideais e utopias o tempo não corta a fadiga da esperança. Todas as possibilidades são no sentido de o corpo estar estendido num fosso ou por trás de uma moita, os joelhos dobrados, os cabelos sujos de terra.
#RIODEJANEIRO#, 20 DE MARÇO DE 2019#

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