#NO LIMIAR DO ALVORECER# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA




Ensinam que esse universo prestigioso e colorido se reduz ao átomo e que o próprio átomo se reduz ao elétron. Tudo isso é bom e espero que continuem. Mas me falam de um invisível sistema planetário em que os elétrons gravitam ao redor de um núcleo. Explicam esse mundo com uma imagem. Reconheço, então, que enveredam pela poesia: nunca chegarei ao conhecimento. Tenho tempo para me indignar com isso? Já mudaram de teoria. Assim, essa ciência que devia me ensinar tudo se limita à hipótese, essa lucidez se perde na metáfora, na metafísica re-versa das dialécticas, in-versa das contra-dicções e nada, dialéticas da existência dialéctica, essa certeza se resolve como obra de arte. Para o que é que eu precisava de tantos esforços, labutas? De que carecia e não o sabia, quiçá não houvesse sentido em fazê-lo, fugindo de circunstâncias e situações? As doces curvas deste bosque e a mão da tarde sob este coração agitado me ensinam muito mais, os leves silêncios do entre-árvores, vegetações, flora, etc., etc., caminhos serenos, e os dedos da noite a acariciarem-me a face circunspecta despertam-me sobremodo, despertam-me amanhã haverá labutas inda mais passíveis de consideração e entrega, almas inda mais se entrelaçando. Compreendo que se posso, com a ciência, me apoderar dos fenômenos e enumerá-los, não posso da mesma forma apreender o mundo.


Até que as estrelas apareçam para iluminar a escuridão sobre o olhar reflexivo no limiar do alvorecer desses átimos de paz no mundo adormecido, tudo é organizado para que comece a existir essa paz envenenada que me dá a negligência, o sono do coração ou as renúncias mortais, porquanto cessam recordações olvidadas outras... até o foggy matutino pouse nos cabelos e porquanto cerceiam lembranças de boa sorte nos espasmos das ilusões vividas, explicitados heróis expelidores dos pretéritos identificam-se no presente, esse/este que ainda não deixou dor.


#RIODEJANEIRO#, 23 DE MARÇO DE 2019#

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