**ESTRATÉGIAS DO VAZIO SILENCIOSO** GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA






Após o vazio silencioso,
O vento com seus agudos altissonantes
Arrancou da vegetação viçosa, esverdejante
Macabros, atraentes mov-imentos
E nos auspícios da colina
Uivou, feito lobo agoniado.

Restaram nesgas na densa camada
Das negras nuvens
- como excêntricas, inusitadas portas
abertas de fio a pavio, escancaradas
a estranho, desconhecido mundo,
Então, líquida muralha
colocou-se, ante-pôs-se entre os olhos
e a noite, as trevas do bosque,
a imaginação submergiu no dilúvio,
Pres-enteada, premiada
pelo cio da tempestade.

Mesmo as raízes res-guardadas
Nas entranhas abismáticas do solo
Sentiram-se extasiadas, excitadas, seduzidas
Pelo que, em nível da superfície,
Similava-se, assemelhava-se
A um duelo de titãs
A um fornicar entre amantes
Terrível e esplendorosamente ob-stinados
Em saciarem-se,
Era como se a vida desejasse re-tornar
A um corpo já inerte.

#RIODEJANEIRO#, 13 DE MARÇO DE 2019

Comentários