#ACIMA DAS DIFERENÇAS... COISAS E MUTAÇÕES# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA: DEDOS DE METAFÍSICAS REFLEXÕES




- A imagem que habita os re-cônditos
De vossa alma plena de verdades,
Apesar das in-verdades que lhes re-vestem,
Concebe-se e gera-se Espírito e Verbo do Ser,
Dá a luz à pintura de vossa eternidade
De sentimentos, de emoções
É-vos "a vida acima das diferenças coisas e mutações".


- Querer é suscitar os paradoxos. A inteligência, portanto, me diz à sua maneira que este mundo é absurdo. Seu oposto, que é a razão cega, inutilmente afirmou que estava tudo claro: eu esperava provas e desejava que
ela tivesse razão. Mas, apesar de tantos séculos pretensiosos, repletos de tantos homens eloqüentes e persuasivos, sei que isso é falso. Pelo menos nesse aspecto, não existe felicidade se eu não posso saber.


- A poesia que é substância
De vossos sonhos, ideais, utopias,
Eivada de "eu-plástico", seivada de fantasias
Das plen-itudes, das verb-itudes da espiritualidade
Que re-colhe e a-colhe as lâminas afiadas do amor,
Da cáritas, da koinonia,
Re-vela o verso e a estrofe
De vossos desejos, vontades, esperanças
Do entre-laçamento de mãos nas sendas da Terra-Mãe,
Das veredas do Mundo,
Paz, Solidariedade, Compaixão,
Eis a vossa canção-plástica de sibilos, silvos,
"Acima das diferenças coisas e mutações."


- O pensamento pelo menos entrou nesses desertos - não haveria de considerar, reconhecer haver desertos nos bosques inda nem por átimos de milésimos de segundos sentidos? Aí encontrou seu pão. Aí compreendeu que até então se alimentava de quimeras, o verbo delas rogava colocá-las no mundo, uma atitude, um gesto. E serviu de pretexto a alguns dos temas mais insistentes da reflexão humana.


- A prosa-poética que é eidos
De vossos pensamentos, idéias, liberdade,
De vossa razão de estar-no-mundo,
Ser-no-mundo,
É a clave que inicia a tessitura da peça musical,
São as notas que revelam os vossos interstícios
Sensíveis,
Que manifestam os vossos âmagos
Espírituais,
Que mostram e de-monstram os núcleos
De vossa consciência-estética,
Eis a vossa filosofia-plástica de vossa sabedoria
"Acima das diferenças, coisas e mutações."


- Para o homem perdido no mundo e seus divertimentos, essa inquietação é um medo breve e fugidio. Mas, quando esse medo toma consciência dele mesmo, a auto-consciência nalguns ângulos e pontos de vista, se transforma em angústia, o clima permanente do homem lúcido "em que a existência se redescobre". Essa inquietação a tal ponto me parece, na verdade, ultrapassar as categorias do raciocínio, que penso unicamente nela e não falo de outra coisa. Enumero, melhor, o aconselhável seria "elenco" suas faces: de tédio, quando o homem comum procura nivelá-la com ele mesmo, e mitigá-la; de terror, quando o espírito contempla a morte. Não separo a consciência do absurdo. A consciência da morte é o apelo da inquietação e a existência recorre então a um apelo próprio por intermédio da consciência. É a voz da própria angústia e convoca a existência "a retornar ela própria de sua perda no Se anônimo". Também para mim não se deve dormir e é preciso velar até a consumação. Seguro-me nesse mundo absurdo, denuncio-lhe o caráter perecível. Procuro seu caminho no meio dos escombros.


- O amor e entrega que são essências
De minh´alma, dimensões sensíveis e do ser,
De minha alegria de viver o uno-verso
Da felicidade, da alegria, do prazer, do gozo,
Re-vestidos do sentimento transcendente do Verbo Amar,
Eis a música-plástica da minha virtude de existir
Plenamente,
Eis a balada-plástica da minha dignidade de criar
A Verdade,
"Acima das diferenças, coisas e mutações."


#RIODEJANEIRO#, 23 DE MARÇO DE 2019#

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