**A CRISTALINA INDEPENDÊNCIA SEM PURIDADE** GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



Epígrafe:


"A sabedoria maximiza-se quando mutante e aberta às irreverências do Tempo."(Graça Fontis)


Rebo de contacto. Oco me produzo. Vácuo me esboço. Vazio me visto. Nada me coloco o chapéu na cabeça. Vago me existo. Disperso passo entre as coisas do mundo e da terra. Inóspito me descerro. Oco me inteiro, me auditivo. Vácuo me atesto. Vocábulos me carecem no sulcar trilhos da Sagrada Escritura, do Sagrado Vernáculo de Linguísticas e Semânticas. Origens, trovas, cataclismo. Moinhos de anais, debates da vida. Bem-aventuranças enleadas de padecimentos, sofrimentos, dores, possantes e pesados bem-quereres de poluídas corporeidades e a eloquência volveu-se cinérea, cinérea alteara de aliciações o pojo de preceitos, ditames, dantes e de concernentes, o prazer agrilhoado de códigos, ocos, sinais, não-seres de requintes, alegorias, ninharias de ciência humana, analogias quiméricas em flamas da taciturnidade, sombrio, melancolia, nostalgia, saudades seculares, milenares, juventude em distrações da satisfação, ocasião de ser bem-aventurado, artesão das falas, oposto das falésias incorpóreas.


Sou a Maria Prosápia que fende os carris de grilhões, os amodorrados de agora e hoje em rumo ao que possui de sucumbir de devires irrigo as melancolias primárias da obra, sinais entoam sem conhecimento do revel de martírios, isolamento, fascinações, prestidigitações, eloquências peritas, poemas ocos, brilhos da rampa encantando o sossego de proscênios, gênios do balanço incitam nas elevações a cena do comedimento entre o talento do físico, temor do decesso, abóbadas de argentaria sob colunas de aurifico, remotas meditações à graça de sonidos do sossego, querença, ternura, apego, meiguice, retro do reflito da alma, euménides, infracções.


Recolheu-se a semelhança do após fenecimento nas perspetivas abobadadas, cavadas do isolamento, gotejamento terminal do acontecer, desenrugo a barba cã, vejo a vetustez, passada a passada, Marcas na areia, na poeira, traços nos bosques, ruas, avenidas, recordações, reminiscências. O ido volve das laudas grafadas de eventualidades rendições, legados, momentos de deleite, contentamento, o atual interpreta nos barbantes do hodierno, estrago a postura desprovida do bem-querer, falta de ser da veras. Jornadeio entre obscuridades, cruzo entre tenebrosidades. Aos enjoos da vetustez mesuro o auge do bem-querer, o auspício da bem-aventurança do belo. Que disparidade existe entre o vago de hodiernamente e a patavina da vetustez?


No entretanto, as pisadas de constrições, inquietações. A existência divulgou-se perpétua de céu-aberto, júbilo. O verbo do não-ser converteu-se fugaz o poema da descendência. Insignificância sou. Quis o zero de ser. Desejei o não-ser do ser. Idealizei as Interdições de ocos. O poder espiritual de babugem, o neobramanismo do isolamento. Imergi penetrante no sacrário da independência sem origens, exórdios, preceitos, sem âmago, sem apiedados, sem imo... A cristalina independência sem puridade.


#RIODEJANEIRO#, 20 DE MARÇO DE 20129#

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