#METAFÍSICA E ESTADO DE ESPÍRITO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA



Se é que se pode não acreditar – o sol, deitando fora a carapuça, espalhará outra vez os grandes cabelos louros.
Brotarão as ervas. As flores deitarão aromas capitosos. No fundo de toda beleza jaz alguma coisa de inumano e essas colinas, a doçura do céu, esses desenhos das árvores, eis que no mesmo instante perdem o sentido ilusório de que os revestimos, doravante mais longínquos que um paraíso perdido.


A inspiração requer inspiração noutros instantes de imagens nítidas e linguagem, noutras docas de estilo versando sentimentos, ondas de linguagem fraturada entre o mundo e o meu espírito, se não a consciência que tenho dele. Não se imagina a eloquência destas últimas palavras, lágrimas pujantes e quentes descem-me a face, extasiado por encontro tão subtil, afigura-se estar livre no foggy de sentimentos e emoções novos, um pouco caiada de cremes para não ter rugas, de hidratação, etc. e tal... - eis aí também as árvores e conheço suas rugas, eis a água e experimento-lhe o sabor. Esses perfumes de relva e estrelas, a noite - mas é preciso que o espírito encontre a noite, respondem os místicos e os existenciais. Certamente, mas não essa noite que nasce sob os olhos fechados e só pela vontade do homem -, noite sombria e fechada que o espírito suscita para nela se perder, certas tardes em que o coração se descontrai, como eu negaria o mundo de que experimento o poder e as forças? Contudo, toda a ciência dessa terra não me dará nada que me possa garantir que este mundo é para mim. Esse mundo já não tem seu reflexo em um universo superior, mas o céu das formas se representa na multidão das imagens desta terra.


Epígrafe expectativada!
De verbos, in-fin-itudes,
Horizonte de regências..
Concordâncias do infinito na poeira
Do cometa que colhe miríades de cintilâncias
Nos re-versos pretéritos, in-versos de particípios
Do nada e o que sinto é o sonho de ritmos e melodias,
Espectro imaginário?
Quiçá, um coração desvairado à soleira da insensatez percurte seu ribombar, tum... tum... tum..., quiçá uma mente alucinada com os sons e tons, ora acordes vem e vão, milimétricos, altissonantes,
sobrevoa em pujança,
flana na unidimensionalidade do vazio,
paira no verso-uno das travessias e nonadas,
Por quanto?


O que toco, o que me resiste, eis o que compreendo. E essas duas certezas, meu apetite de absoluto e de unidade, e a irredutibilidade desse mundo a um princípio racional e razoável, sei também que não posso conciliá-las. Que outra verdade posso reconhecer sem mentir, sem fazer intervir uma esperança que não tenho e que nada significa nos limites da minha condição?


Creio que desejei sempre dedicar aos instantes algumas palavritas sensíveis e bem ternas, daquelas palavritas que as fazem des-abrochar lindas e maravilhosas, exalando aquele perfume que extasia todos os sentidos e dimensões do espírito. Cheio de entusiasmo, prometo, pelo céu e pela terra, que farei tudo para serem ditas intertextualizadas e re-criadas nos in-versos e re-versos de subjetividades e criatividade plástica, onde reside o segredo da poética imagística dos traços verbais e sonorizados, um universo, isto é, uma metafísica e um estado de espírito.


#RIODEJANEIRO#, 23 DE MARÇO DE 2019#

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