**ZÉ PINGUELA E BELARMINA - ODE À SÁTIRA POÉTICA** - Manoel Ferreira


Serafina Boca de Lobo
Comeu o bolo de casamento inteiro
De Zé Pinguela e Belarmina
Que namoraram três décadas seguidas
Entre beijos na testa e mãozinhas dadas
Naqueles tempos do onça
Era expressamente proibido
Comer a sobremesa antes do almoço
Não por radicalidade da lei
Mas porque se comesse a sobremesa antes
Forraria o estômago, a barriga incharia
E Belarmina já era uma baleia de tão gorda
Não podia engordar mais uma grama sequer
Nas noites de lua cheia
Na varanda da casa de Belarmina
A presença da mãe e do pai dela
Quando juravam fidelidade e lealdade,
Zé Pinguela por cima,
Belarmina por baixo
Por uma segurança da vida de Zé Pinguela
Que era um palito humano
Trinta e cinco quilos, um metro e setenta de altura.
Serafina comeu o bolo inteiro de casamento
De Zé Pinguela e Belarmina
Porque queria forrar o estômago antes do almoço
Qualquer previsão de seu casamento era mera ilusão
Porque era mais feia que briga de foice no escuro



Manoel Ferreira Neto.


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