**SE AMANHÃ HOUVESSE - VI PARTE** - Manoel Ferreira


Se amanhã houvesse de filosofar as ipseidades e solipsismos do não-ser que vagueia solitário e silencioso, angústia e tristeza por ser discriminado e rejeitado, por que saboreia com volúpia as neuroses de perfeição, à soleira do abismo perscruta as miríades do efêmero que a-nunciam o há-de ser sob a cintilância das cores do arco-íris desejando com êxtases e euforias as nonadas do apocalipse, sorrelfas da consumação dos tempos para nalgum momento do ec-sistir se entregar por inteiro ao vai-e-vem da rede numa noite de chuvinha fina, vento ameno, ouvindo os ritmos e acordes do uni-verso, balalaika do pretérito em síntese com o fado do infinitivo dos horizontes, particípio de confins, gerúndios de arribas, genitivos das pre-fundas da inconsciência, a companheira dizendo aos risos sem limites, "... fez a fama deitou na rede!", o verbo do ser que rebole e dance em chapa quente no itinerário de querências da verdade, hoje simplesmente elencaria as metafísicas das sendas e veredas perdidas nas antanhas memórias da concepção do caos, geração das vacuidades, luz e brilho do vazio, e por toda a eternidade a razão pura encalacrada de impossibilidades de a verdade ser a luz do espírito que numina os manque-d`êtres seculares e milenares; hoje estaria ludicamente sentindo profundo o demasiadamente humano, humanidade do ser, a imperfeição para auscultar o inaudito dos mistérios e enigmas.



Se amanhã houvesse...
De filosofar
Ipseidades e solipsismos do não-ser,
Genitivos das pre-fundas da inconsciência,
Declinações dos interstícios e âmagos
Das latinas regências do sublime e uni-versal
A imperfeição para auscultar
O inaudito dos mistérios e enigmas



Se amanhã houvesse...
De re-compor com sibilos de sorrelfas
A erudição das promulgações do verbo de ser
Seria que houvesse já sido preparado
Para auscultar o in-audito dos mistérios e enigmas,
Tecendo com as linhas do horizonte
O crochete do instante-limite?
Se amanhã houvesse...



Incidir na superfície lisa do espelho a imagem cristalina do diamante que risca o etéreo, a face lÍmpida do pote de ouro no fim do arco-iris, imagem e face que originam o rosto das sublim-itudes da sabedoria, sarapalhada de resquícios, vestígios do tempo que re-criam, compõem, poetizam e poematizam as pontes partidas em direção, pro-jetadas aos ilimites do além, aos ab-surdos do in-finito, e que as contingências da náusea e desespero expliquem, justifiquem as incongruências do inferno meigo das insolências, hoje nada mais, nada menos estaria senão descansando na minha cama, esperando o sono tomar-me por inteiro, esquecendo-me da vigília de olhares de esguelha, soslaio, de banda para os solstícios do "Ser" que paraclitam o pássaro a re-duplicar o canto para a sinfonia e ópera da fé na esperança do sonho.



Se amanhã houvesse...
Cintilância das cores do arco-íris
Desejando com êxtases e euforias
As nonadas do apocalipse
Se amanhã houvesse...
Do espelho, a imagem cristalina
Do diamante
que risca do etéreo,
Rosto das sublim-itudes da sabedoria,
Incongruências do inferno meigo
Das insolências,
Sarapalhadas de "Se amanhã houvesse",
Resquícios, vestígios do tempo.
Se amanhã houvesse...



Se amanhã houvesse...
De re-esboçar o croqui
Que delineei, burilei
Do casebre visto à distância
Por intermédio das frestas das árvores
Comporia de ideais e vazios
As bordas e fronteiras das pontes partidas
Antanhas memórias da concepção do caos.
Se amanhã houvesse...



Idílios de sorrelfas compactas, des-compassadas. Quimeras de "fluviais" perspectivas, quiçá houvesse de re-criar o instante de um comentário na madrugada, "... já pensou se houvesse alguém quem fosse de todo ingênuo para ouvir que para limpar a língua da nicotina do cigarro ácido sulfúrico misturado com soda cáustica fossem o produto, nada restaria da nicotina do cigarro, e experimentasse de imediato...", a companheira não conseguia parar de rir, dor de barriga de tanto rir, e este riso leva-me a pensar e sentir os si-labiais dos desejos de des-velar o presente de emoções de estilos e linguagens, a-nunciações de a vida ser sempre o riso das circunstâncias, situações, a flauta dos momentos que recita o encontro das almas... sei lá como dizer isto noutras palavras...



Se amanhã houvesse!...
Fantasias de compactas elegias à etern-idade,
Puras mangofas das eter-itudes
Orvalhadas das ausências e náuseas do abismo,
Quiça haveria de re-alinhar as perspectivas do sonho,
Carícia, ternura, toque, carinho,
Re-alinhavando as imagens do sono.



De nada ser, de nada sonhar, de nada projetar, simplesmente ser a vida na sua dimensão de nada composta de vazios e efêmeros, hoje fecharia os olhos, esvaziaria a mente de idéias, pensamentos, silenciaria o coração de amor, ternura e solidariedade, fecharia os lábios, nenhuma palavra pronunciada, mas entregar-me-ia completo e imperfeito à divina comédia do nada, à palhaçada do efêmero, no picadeiro das ribaltas do que trans-cende o limiar, soleira do fin-itivo do verbo "plen-izar" o desconhecido.



Se
Amanhã
houvesse...



Manoel Ferreira Neto
(Rio de Janeiro, 29 de setembro de 2016)


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