*MISTÉRIOS E MATAGAIS DAS ARRIBAS* - Manoel Ferreira


EPÍGRAFE:



" - Nas arribas tem matagais?" - Graça Fontis



Sublime sublimidade sublimando sublim-itudes
Serena serenidade serenizando seren-itudes
Sintônicas sintonic-itudes sintonicizando sintonias
Harmonia harmoniosa harmonizando harmon-idades
Sincronia sin-chronizando sin-koinon-idades sin-crônicas
Do passageiro
Do fugaz
Do esvaecimento
Do fenecimento
Leveza do ser, liberdade do desejo
Calmaria das con-tingências, reflexão dos instantes-limites
Tranquilidade das ipseidades e facticidades,
Introspecção, circunspecçao das coisas obtusas
Insustentável clareza do orvalho tocando as folhas
Respingando a grama
Molhando os cactus, orquídeas à soleira da montanha
Madrugada de outras neblinas
Madrugada de outras neves
Madrugada de outras garoas
Madrugada de outros trovôes, chuvas
Neblinas, neves, garoas, maresias
Des-velando transparências, sentimentos perpétuos,
Emoções inolvidáveis, sensações inestimáveis,
Velando obscuros segredos in-auditos do pleno,
Enovelando mistérios e matagais das arribas
Des-vendando nítidos enigmas inter-ditos
Inter-ditos de visual-ização, inter-ditos de com-preensão,
Inter-ditos de pres-ent-ificação, inter-ditos de entendimento
Que se estendem ao longínquo de subjuntivos verbos,
Que se esplendem às distâncias de particípios in-fin-itivos
Que se sarapalham aos confins e arribas de subjuntivos gerúndios
Que se carioquizam nos buracos negros de indicativos pretéritos
Que se pauliceiam nos planetas desconhecidos das regências Futurais, das concordâncias do eterno
Fairly openned to hear from the sounds of silence
Palavras que toquem os interstícios da alma
Des-virginando as sombras da imanência
Penetrando no abismo das carências calientes,
Erotizando os seus clítoris, sensibilizando os seus prazeres
Que se esplendem à distância dos cócitos sentimentos
Da verdade espelhada do templo de Hagna Mentis
Símbolo, signo, metáfora, o alvorecer resplende
Da natura a essência do verbo in genesis
Meant to meet the true horizon across the infinite
O crepúsculo im-plende das luas e estrelas
Os raios de luz que fulminam o sangue do eterno
Perpassando as veias da eter-itude.



O que tu, oh, melancolia?
Palavras que verbalizam de orvalho do amanhecer fonemas semânticos da alma per-vagando na solidão dos becos, vazio de ilusões, nada de fantasias, nonada de idílios, além do horizonte raios de sol numinam as bordas de confins. Além do uni-verso sons místicos melodiam, ritmam as constelações atrás da lua, musicalidades míticas cancionam os ares vedas.
O que tu, oh, melancolia?
Palavras que a-lumbram in-quietudes ad-jacentes ao efêmero pó das eiras e beiras, inquietudes do não-ser, inquietudes do absurdo, inquietudes, alfim, que des-velam o baldio recôndito do ser, baldio âmago do espírito, inquietude da prévia morte das sorrelfas absolutas da esperança. Ah, esperança, a última que fenece de encontro im-previsto com o arco-íris da escuridão, re-nasce com o des-encontro com o abismo dos silêncios abissais das ipseidades do nada, vive e re-vive de arrastar-se nas alamedas solitárias das imaginações férteis da plen-itude, onde as itudes do universo esplendem gotículas líquidas das águas cristalinas do eterno.
Palavras que des-lumbram desvarios e devaneios re-ticentes às susceptíveis margens do pensamento e perquirições do vir-a-ser, devaneios e desvarios que trans-elevam inseguranças ao topo das colinas da entrega à cor-agem. Viver é muito perigoso, tem de ter cor-agem.



O que tu, oh, melancolia?
Palavras que id-versificam de desejos,
Volúpias, volos do apocalipse
De cânticos saudosos do genesis às reminiscências
Remanescentes do esplendor que é o raio do sol



Seduzindo ludicamente a penumbra do crepúsculo,
A cintilância da lua conubiando de êxtases
As trevas do infinito, as sombras da etern-idade,
Bruma das fráguas,
Ganachando de glórias as carências do vento e do tempo, Obnubilando de inauditos sons altissonantes
A morte defectiva e sinuosa do cócito de sonhos,
Ad-versejando de louvores os lapsos de memória,
Édipas lembranças, recordações,
Prometeicos esquecimentos, dispersões.



Augustas metáforas de semânticas alucinações do re-verso do avesso sensibilizando de almas do finito universo salpicado e sarapalhado de nonadas liquefeitas, de absolut-itudes os terstícios do perene abc dos confins re-vestidos das pers pectivas que precedem quaisquer alusões do divino, insinuações do quase afrodisíaco paraíso celestial, refestalam-se suaves nos abissais "in" do que jamais, no never, no more irá esplender brilhos ao longo sem ad-jacências das arribas. Bailado manso de fogo místico, consumindo velas.
O que tu, oh, melancolia?
Palavras que quesificam relativas noções e idéias esvaziadas de nada, nadificadas de vazio, idealizadas de nonadas e travessias, deslumbrando de clímaces os des-prazeres elevados aos auspícios do gozo que nada significa ou linguist-ifica o ser do verbo das quimeras, semantiza os sons de ventos dos idílios, metalinguistica as cores, luzes, contra-luzes das volúpias e esperanças, inda que voláteis e volúveis.
O que tu, oh, melancolia?



Sincronia
Harmonia
Sintonia



Linguística do verbo tempo
Dialética do abstrato ser
Monólogo do contingente inaudito
Ipsis verbis do divino absoluto luminando a morte
Noubliez jamais do divino absurdo ofuscando o tempo
Princípio efêmero do etéreo eterno
Sarah imortal das magnitudes do espírito
De plenitudes do amor, seren-itudes da entrega,
Magn-itudes da comunhão
Ao supremo sol da alma raiando de luz
As origens do além, os princípios do agora-e-aqui.



Fumaças voluptuosas do êxtase
Chamas ardentes do clímax
Fogo incandescendo lenhas do prazer.



Absurdos absolutos intersticiados de vazios trans-elevando volúpias do nada a per-vagarem in-solentes pelo espaço, meiguices do inferno circun-vagando os limites das eternas chamas ardentes, dogmas perpétuos da liberdade de culpas, remorsos, pecados, hades de plen-itudes da desgraça por sempre. Almas penadas jurisdiciam os pretéritos imperfeitos in totum inspiradas nas cláusulas permissivas para vagarem no mundo contingente conquistando outros adeptos a compartilharem a essência demoníaca da eternidade.
Absolutos absurdos artificiados de nonadas compulsivas do não-ser que, anestesiados das profundezas do abismo, voluteiam baldias esperanças do perpétuo efêmero, vilipediando os contrastes, contradições, dialéticas do nonsense e virtude das ipseidades, iluminando as trevas do arco-íris com os raios medievos do nada que perpassa séculos e milênios esplendendo avessos re-versos da insolência meiga do além, facticidades das irreverências carinhosas e afetuosas do perpétuo, orgulhos da raça e laia das peren-itudes. Aquém de pontes partidas ao léu das longitudes. Aquém de travessias aquém da rede no vai-e-vem de contingências e trans-cendências, das benevolências e maledicências, no amanhecer a neblina cobre a superfície do buraco eterno de ilimites, as sorrelfas bailam alegres e saltitantes ao ritmo e melodia da prévia morte dos instintos do medo do sem-fim, do sem-peren-itudes.



Nas linhas trans-versais do uni-verso
Que divide as arribas em térreos princípios
E preceitos da verdade
Inda que falsa,
Inda que uma farsa do divino re-vestido
De gerúndios subjuntivos da vacuidade, entre-laçados de Particípios indicativos de verbos defectivos
Que comungam os temas do solipsismo
Com as temáticas lúdicas do que de pretérito nada há,
Ah, o passado são esquizoidias do genesis,
Esquizofrenias do apocalipse.



Louco, doido, varrido, psicopata, varrido de pedras e vassouras, assim caminha o bicho homem no chapadão das in-verdades e mentiras dos confins trajados com as vestes dos imperfeitos aquéns, de aquéns-em-aquéns a glória, resplendor do ali perdido no matagal das arribas.



Manoel Ferreira Neto
(Rio de Janeiro, 10 de setembro de 2016)


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