**RE-VERSOS PRET-ÉRITOS IN-VERSOS DE LUZ, AD-VERSOS DE CONTRA-LUZ** - Manoel Ferreira


Glória...
Esquecimento...
Memórias...
Diante do túmulo cuja sombra nele incidindo chama crepúsculo!...
Por que a glória sempre se esquece das memórias?
Por que o poder sempre olvida as re-cord-ações?



Silêncio que dá origem à palavra não é vazio e ausência, sim plen-itude e presença.
Re-versos pret-éritos in-versos de luz, ad-versos de contra-luz, de palavras, vernáculos, CARÁCULAS DOS FONEMAS, extensão de volúpias, êxtases, no re-côndito do abismo, ecos de sibilo de vento, con-templo-o, con-templa-me, perscruta-me, perscruto-o, sinto-o, sente-me. Instante perdido de ilusões, fantasias. Átimos de quimeras, imaginações férteis olvidados. Se a vida começa aos sessenta, manterei as suas chamas sempre acesas.
Pleno silêncio. Absoluta solidão. In-fin-itivo presente de efêmeros nadas re-vestidos de vazios e angústias per-correndo livres as linhas verticais do tempo, horizontais do ser, imagens pro-jetadas no além dos primevos princípios pré-liminares do há-de ser a face in-audita de semânticas e linguísticas das faustas esperanças, mefistofélicos sonhos de perfeição.
Verbo do sonho, plen-itude. Sonho do verbo efemer-itude. Quiçá a vida de-curse nas sinuosidades dos caminhos os nonsenses, per-curse nos aclives, con-curse nos declives das montanhas de Sísifo os despautérios da liberdade e consequências no ínterim das atitudes do logus e ego, gestos do cogito e id, comportamentos lineares da persona, non sum ergo cogito, re-versa latina declinação do abismo aos interstícios do vazio, aos auspícios da náusea, o sem-fim emerge das profundezas do nada, elevando-se aos ápices do celeste destituído de estrelas cintilando o ossuário da terra, desprovido de lua brilhando as lápidas do cemitério gethsemânico, e nas sombras das trevas perpétuas o símbolo da vida povoada de miríades do mistério concebendo a lenda mística do divino que espiritualiza as crendices do eterno, nonada do éden, alumbrada sob os raios diáfanos que as cores do arco-íris emitem, a mentira mítica deslavada do sagrado que transcende a fé do absoluto, "... ride the rainbow/rock the sky/Strormbringer comin´/Time do die".
Místicas lendas do efêmero. Efêmeras quimeras do mítico que ori-gregaliza os deuses à luz dos séculos e milênios em nome da continuidade da ec-sistência, perpetuidade do ser humano, mesmo des-provido de alma e espírito, mesmo destituído de sensibilidade.
Tudo passa... Tudo passa... Tudo passa... o "eu" passa, origina o outro. O "outro" passa concebe o a-núncio do meta-outro, outro além dos in-auditos mistérios e enigmas do trans-cendente.
Cinzas da con-tingência. Poeiras da eternidade. Pós metafísicos do divino absoluto. Grânulos da essência re-vestida de joios do ad-stringente que triga o campo de caminhos para o uni-verso das pontes partidas, impressionismo do não-ser, expressionismo do verbo para o ser, simbolismo da sin-estesia para a etern-itude. Côdeas árabes do pão recheadas de pimentas do sublime, cebolas do simples, tomate, rúcula e cebolinha da humildade...
Ah, quem dera os árabes pudessem sentir o sabor da plen-itude da vida. Diante dos olhos e do nariz veem apenas a ideologia de Allah, da morte...



Manoel Ferreira Neto
(Rio de janeiro, 23 de setembro de 2016)


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