**O TEMPO É DE FRIO SUAVE** - Manoel Ferreira


Chove
O tempo é de frio suave
Posso sentir as pétalas
Da rosa branca abrirem-se
O beija-flor sobrevoando-lhe
Bebendo-lhe o néctar.



Chove
O tempo é de frio suave
Posso visualizar o in-fin-itivo do verbo
Posso verbalizar as esperanças outras
Do sonho de compl-etude
Da utopia da eternidade
Da fantasia das absolut-itudes,
Da quimera da verdade
Visualizo um pintassilgo na gaiola
De cabecinha baixa
Está ressonando.



Chove
O tempo é de frio suave
Posso cogitar as a-nunciações do sublime
Posso pensar as dialéticas da iluminação
Posso elucubrar as contradições do bem
Posso questionar os nonsenses do eterno
Re-flito a travessia do não-ser ao ser
Medito a passagem do sublime ao divino.



Chove
O tempo é de frio suave
Posso cantar o som do silêncio
Em sin-cronia com a melodia, ritmo da solidão
Em sin-tonia com o acorde das carências
Em harmonia com a música do uni-verso
Atrás das constelações do in-finito
Sinto o tempo perpassar-me o íntimo
Sinto o vento sibilar na sua trajetória.



Chove
O tempo é de frio suave
Posso refestelar-me na rede
Dormir o sono do Verbo Ser
Deixo-me livre e solto
Deixo-me sereno e leve
Ouvindo uma canção romântica
Cuja lírica a-nuncia a poesia do amor puro.



Manoel Ferreira Neto.
(20 de setembro de 2016)


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