#O HÁBITO FAZ O MONGE# GRAÇA FONTIS: FOTO(ARQUIVO) Manoel Ferreira Neto: SÁTIRA ***



Epígrafe:
"...quando o desejo da ironia, sarcasmo, gozação saem vencedores e o homem se abstém, a quimera das esperanças, nostalgias, projectos das utopias, melancolias saem vencidos e o indíviduo devaneia e desvaria, se depara com o vácuo das doutrinas" (Manoel Ferreira Neto)
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Dedicatória:
Parabéns, Léo, Leonardo Fontis, pela passagem de seu aniversário, muitos anos de vida e muitas alegrias, conquistas, felicidades, uma lembrancinha dos momentos de nossos parabéns a você. Abraços, querido.
Manoel Ferreira Neto
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#O monge fazer o hábito" ser adágio que significa a continuidade da ação transforma o imperfeito em imperfeito perfeito, que francamente endosso com todas as tintas para pintar o ser verdadeiro, MESMO CARREGANDO TODOS OS PECADOS E PECADILHOS NAS COSTAS, com efeito serão ditos no Juízo final, que decidirá o destino último, o destino impingido pelo dogma religioso, o inferno ou o éden que me caberá sem quaisquer misericórdias. A engenhosidade e perspicácia transforma a pena em algo que baila à medida que delineia as letras, estilo gótico, a criatividade vai além do ininteligível, não se percebe com percuciência o que mesmo reside nas entre-linhas, sendo sine qua non in-vestigação das mais primorosas.
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Contudo, havendo uma des-continuidade nesta continuidade, deixar de praticá-la por algum tempo, embora mínimo, tendo dificuldades primorosas até de deslizar a pena na linha, registando os termos, há entravamento em tudo, idéias e pensamentos não se comungam, os pés de umas estão além, os pés dos outros aquém de quaisquer entendimentos e compreensões, como dizem acerca de pessoas idosas: "Estas estão com um pé no mundo e o outro na tumba", isto para não entrar a entabular discussão, averiguação, investigação. In-versões não re-versam as ad-versidades, reversões não ad-versam as coisas avessas, tudo se assemelha a despautérios incólumes.
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Tive a intenção fundamental e sublime de discordar piamente deste adágio, identificar as suas inconveniências e nonsenses,
em instância primeva que, se monge deixar de usar a sua batina por algum tempo, não deixará de ser monge, sê-lo-á inda mais devido à simples questão de não ser mister mostrar para ser, ao contrário, espontaneamente torna a veras indubitável, inconteste. As picuinhas, mazelas, disparates estarão presentes, desalgemados dos preceitos espirituais cinco estrelas, a condição de homem quem assina em letras capitais ser adepto da idéia de que como os valores só são visíveis a partir de uma perspectiva constituída por compromissos de valor, é importante negar todos esses compromissos devam ser postos em suspenso. Após retornar ao uso da batina, terá oportunidades inestimáveis de bater o martelo na mesa, atitude e ação indevassáveis que o Juiz tem no momento de seu veredicto final no Tribunal, pedindo silêncio a todos os seus ouvintes para dizer: "O hábito dos preceitos faz performar a dança das buscas espirituais, luta e labutas por atingi-la, realizá-la, longe do ritmo da música, o mesmo que dançar Fado como se dança balada russoniana, Renato efetivamente ficaria bem surpreso, admirado. Somos livres..." Se alguém não fizer silêncio, será preso por desacato à autoridade num Tribunal, sofrerá todas as penas da Lei Inconstitucional.
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Demonstrar isto com o espírito e os instintos com que merece, exigiria não ter deixado de lado por tempo considerável a engenhosidade de trabalhar a idéia e os instintos em consonância com os ácidos cínicos, não seria capaz, crendo até haver esquecido de como se segura a pena em mão, efetivamente o que dissesse seria despautério, asnices, e de asnadas o estábulo dos jegues está mais do que cheio, não poderia admitir isto nem que a vaca tussa, porque me sentiria mui triste e desconsolado por não mostrar adágios dogmáticos preenchem apenas o buraco do dente das carências de dignidade, honra, caráter, das ilusões de perfeição, de uma vida sem máculas e pecados dos mais insustentáveis. Se fosse considerar visão inda mais profunda, remontaria a um povo que conserva tanto as suas raízes que não admite um delicioso churrasco numa terça feira, acompanhando a vodka Smirnof quando churrasco é no sábado ou domingo, mas que come frango em dias alternados da semana, frango a molho pardo, frango a milanesa, frango com quiabo... o de domingo é tradição incólume, mesmo que o diabo faça milagres. Não seria o mesmo que o porco criticando o toucinho.
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O tempo que larguei a esmo esta engenhosidade deixou em mim o vácuo que vem após a solidão do silêncio. Para isto, partir do adágio "O hábito faz o monge", necessitaria mais do que engenhosidade para identificar onde encontro a contravenção de adágios que só endossam a tradição dos valores, lá encontro sem quaisquer razões inversas, nela encontro a semente, o sêmen, o húmus do desvio, sem perder a insistência, persistência, a teimosia do "atravessado" que só deseja dar vazão à energia, sem hábitos, sem etiquetas. Não fossem eles, não haveria impulso dominante que comandasse a incapacidade de tecer estas divagações que me habitam. Perdi o hábito das considerações intempestuosas, mas não perdi a mania de rir, gargalhar das obediências aos preceitos e ensinanças doutrinárias, o que sempre digo "Não sou bicho para ser domesticado", quando o desejo da ironia, sarcasmo, gozação saem vencedores e o homem se abstém, come o churrasco, toma a vodka com limão e gelo à revelia de quaisquer princípios, a alegria, o prazer, a felicidade de comemorar o aniversário de um enteado tão querido, quando a utopia das vontades de cinismo, sátira saem vencidos pelas hipocrisias e falsidades dos des-graçados, e nisto vamos trocando dedos de prosa e curtindo a comemoração de um tempo de vida, o que desejo dizer fica em suspenso aos séculos, milênios, entender-lhe, compreender-lhe estará aberto a todos os tempos...
#RIO DE JANEIRO(RJ), 27 DE MAIO DE 2020, 13:25 p.m.#

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