#ÀS PRESSAS NA LERDEZA DO TEMPO😱# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA ***



Covil de gênios abriga metafísica do ab-surdo, relatividades do vazio. Antro de néscios desenvolvem teoremas da preguiça, geometria de alfas e betos. Absurdas simetrias e sacras facticidades encontram-se nas linhas perdidas das constelações espaciais. Sentimentos obtusos não escondem segredos, antes articulam expectativas do abstrato caráter degenerativo. Pensamentos da morte envelam gratuidades pretéritas. Canto o que sinto espocar sem cessar. Por que não tenho raiz, copa frondosa das origens?
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Das esperanças frustradas, dos ofendidos e matados ninguém expressa única palavra. O progresso do homem emancipado moderno, especialmente do primeiro mundo, posto como ideal para os outros, estrutura a marginalização de continentes e explicita o fenômeno do subdesenvolvimento.
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Perdido. Desmiolado. Esta presença inominável das nonadas e sombras cinerícias seria que discernissem a lucidez de quem se abstraiu do eco de murmúrios que povoa incógnitas da perquirição solitária? Tudo é alheio ao acaso que deita quimeras calientes. Céleres diademas circunspectivando vertentes, falácias, verborréias. À superfície de campinas verdes e viçosas a consumação dos tempos patenteia-se. Primevos preâmbulos das fantasias, tornando-se semens de sonhos, salpicam as paredes da caverna, onde inconteste o silêncio reside.
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Ando às pressas na lerdeza do tempo. Marcho a esmo no sibilar dos ventos entre as árvores do bosque. Saltito angustiado e deprimido nos becos e alamedas inóspitos. À passagem da areia na ampulheta, con-templo o buraco negro. Sinto vertigens inomináveis e indescritíveis nas margens das hipocrisias e dos despautérios da veras.
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Apesar de a alma ir pairando no vácuo noctívago, o mundo é quiçá, se não for apesar de acasos a reverterem lembranças à deriva.


#RIODEJANEIRO#, 17 DE MAIO DE 2020, 09:21 a.m.#

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