#MAR E ÁGUAS E VERBOS DO SER# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



Quem não sente, conhece, presencia
Nos recônditos da alma a água dos rios
Não ser ela a mesma na passagem de segundo,
Pode dizer que a continuidade de seu transcurso
É apenas ser o fluxo e a continuidade dos movimentos,
É momento de angústia, tristeza, medo, perdição,
É fuga, refúgio, escapadela
De descontentes, insatisfeitos
Ah, o que é isto - a insensibilidade da vida
Que se constrói e institui-se na passagem das águas?
O que esperar deste sentimento e pensamento
Senão o vácuo de estradas, vácuo das esperanças.
***
Quem não presencia o mar no quotidiano, dia a dia
Das circunstâncias, situações,
Quem não passeia na orla marítima, no crepúsculo,
No anoitecer, na aurora,
Quem não sente as ondas dirigindo-se à praia,
Ondas leves, ondas tumultuosas, ondas ao longo do tempo,
Pode dizer com todas as letras e palavras em riste
Ser escapadela, fuga, refúgio, caverna e gruta de amor
Não correspondido, de ilusões e quimeras, sonhos
E esperanças fracassados, frustrados,
Vive apenas na perdição, nas trevas, no deserto,
Não sabe o que é signo, símbolo, metáfora, metafísica
Da imensidão das águas, e de sua espiritualidade.
***
O verbo de sentir os abismos de desejos
amplia-se
no âmago da alma,
acaricia
as dimensões dos sonhos,
a-nuncia-se
no êxtase do pleno da entrega,
re-vela-se
no clímax do prazer,
manhã de chuvinha fina e suave
NA ORLA DO MAR,
os pensamentos voam,
querências da presença,
corpos usufruindo prazeres,
toques,
carícias,
verdades límpidas no riste das palavras,
palavras que pronunciam verdades,
a filosofia é um excesso da arte,
ela acrescenta em razões ou explicações
o que lhe impôs esse equilíbrio,
resolvido noutros num poema,
num quadro, numa escultura, num romance,
ou noutra forma de se ser artista.
Assim o que exprime o nosso equilíbrio interior,
gerado no impensável ou impensado de nós,
é um sentimento estético,
um modo de sermos em sensibilidade,
maneira de sermos em subjetividade,
antes de o sermos em razão ou mesmo em inteligência,
cor-simbolizando o espírito de sentimentos
da leveza do ser em harmonia
com a suavidade do inaudito,
cor-significando,
cor-signiversejando
o que trans-cende o espírito,
a essência do genesis-vida,
a sublim-itude do além-verso,
além-estrofe,
o soneto-divo do absoluto encontro,
ÁGUAS E VERBOS DO SER,
MAR E O SER DA ESPIRITUALIDADE,
com o infinitivo-ser das peren-itudes do uni-verso,
amor puro,
pureza de amar,
amor verdadeiro,
verdade antes de quaisquer verdades
- a verdade exige o mínimo de consumo intelectual -,
trans-preterizadas de quimeras e fantasias
do antes da vida, nonadas da criação,
nonadas artífices da vida-amar
que são a vocação ec-sistencial para a felicidade.
#RIO DE JANEIRO, 01 DE MAIO DE 2020, 16:39 a.m.#

Comentários