#RAÍZES DO NADA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



Não entendo de perscrutar como Fausto.
O desejo das profundezas é ausente,
A vontade de "off-limits" é quimera das
Situações, circunstâncias,
Um indício de permanência na superfície.
Aprofundar é cavar superfícies em direção ao vazio.
Reflexionar é cavacar o solo à busca de raízes do nada,
Perquirir é cavoucar mal em qualquer ofício
De pensar e sentir,
Ser retrógrado, ah, quanta inocência,
Inconsequente, a língua inerte na boca.
No chão de giz, deixei somente o pó.
Nas estradas de poeiras, deixei os passos,
Por algum tempo, com evidências em todas as dimensões.
Nas calçadas de silêncios, mudez, observando
Coisas, gentes, multidões,
Larguei as mãos brancas,
Relações desenxabidas, destiladas.
Interesses, castrações, fugas.
Largo ora nas calçadas sentimentos estrangeiros,
Esquisitos,
A multidão incomoda, não me fora dado o
Quotidiano das gentes,
Apenas... O que vai em mim. Sem exageros.
Devaneios.
Quantas e quantas ampulhetas viradas e viradas,
Pensares. Sentires.
Vinha e parava na porta, observava as festanças
De fim de ano,
Diziam, significavam,
Contudo, o olhar,
Só tentando dançar livre pelos caminhos,
****
A solidão a dois, íntimas, o aconchego da vida...
O que ipsis litteris significa.


#riodejaneiro, 21 de dezembro de 2019#

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