**PERGAMINHOS ESQUECIDOS NO TEMPO** GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



Pergaminho
De letras góticas, vernáculo simbólico,
De palavras expressionistas?, terso sentido,
Solsticiando no inter-dito do verbo e do tempo
Os eclipses da lua que fulguram as iríasis
Da prosa em devaneios à forja
Das luzes diáfanas
Que numinam na alma as utopias
Eruditas e clássicas
Per-fazendo sendas e veredas,
Volando as rutilâncias numinosas...
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Nos óculos o reflexo das coisas,
Brilhos e sombras,
O olhar de esguelha, rosto virado,
Perscruta o sol de verão do Tempo...
Há muito alimenta a claridade do coração,
Olhares pervagam livres e solícitos
Os caminhos das sendas às colinas distantes
Banhadas pelas águas do oceano,
Sob a mística visão do eterno,
Seduzindo as paisagens do horizonte
A versiarem as lâminas de espectros
Sarapalhados ao longo dos verbos do in-finito,
Bolinando o panorama do deserto
A templar de horizontes e cafuas
O longínquo do éden, o silêncio gethsemânico
Das esperanças, sonhos,
Das fantasias, ilusões...
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Pergaminho
De letras ipsis de éritos inolvidavéis,
De fonemas litteris de érisis
Que prescreverão na soleira da eternidade,
Das etern-itudes,
A linguagem e o estilo pleno de metáforas e sin-estesias
De "sonemas" verbis de iríases
Que reverberam no entardecer de uma era
A estética e o belo uni-versal,
De son-éticos lácios de defectivas regências
Às gerências de estilo a musicalizarem a linguagem,
A esplenderem, sarapalharem
Nas dimensões sensíveis, trans-cendentais
O eidos, cerne, núcleo
Do tempo
A verbalizar os vestígios do Ser
Perdido nas dialécticas do efêmero e eterno,
Nos sonetos metrificados de silêncios e sons in-auditos,
Nas metafísicas da solidão e do desejo da plen-itude,
Nas filosofias da sabedoria e do conhecimento,
Nas estéticas da prosa e do logus.
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Pergaminho
De letras a semantizarem
De inter-ditos, mistérios, enigmas, segredos
As místicas visões do além,
As lendárias sensações da etern-idade
Os legendários sibilos do vento que templa o tempo
De luzes e sombras...
A história oculta das histórias não conhece acasos.
Tudo é destinação?
Ser não tem fundos (ele) brinca de abismos.


#riodejaneiro, 28 de dezembro de 2019#

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