DE HORIZONTES O ESPÍRITO DE JANEIRO/FINA TEIA DE SEDA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



Sedas de janeiro,
Entre mim e o tempo,
Entre mim e a vida,
Há um olhar de cá para lá,
Perpassando a seda trans-parente.
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A luz de janeiro
Vale mais que os pensamentos, as idéias
De todos os poetas e filósofos,
A luz de janeiro sabe o que ilumina,
O que brilha,
E por isso verbaliza o que há-de vir...
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Onde as éresis do espírito - luzes incidem no eidos do tempo, em janeiros de início de outras águas cristalinas, de outras ondas do mar, re-fletem na plen-itude a graça do brilho de moléculas, seguem solitárias os caminhos. Vou desenhando as formas do infinito de minh´alma.
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Fina teia de seda, imagens conciliadas às contingências do finito e as esperanças trans-cendentes do Infinito, do Verbo de Ser, do Ser do Tempo.
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Con-templ-orando divos verbos, in-finit-ivando esperanças do há-de vir que re-velem de horizontes o espírito da alma, o ser de desejos, alvorece a fé que se esplende pelos vales, abismos, essência-eidos da vida... Silêncio... Solidão... Luz de estrelas, marulhar doce das águas, melodia constante do vento...
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Onde os paráclitos da felicidade - na lareira as chamas ardentes aquecem os volos da alma, pensamentos longínquos, nas asas da águia a perspectivar o infinito, o tempo já não mais existe, as esperanças trans-cenderam todas as paisagens e panoramas do uni-verso, elevaram todas as luzes e espectros do horizonte.
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Tudo na vida são sentimentos, emoções, pers da sensibilidade, retros da subjetividade. Olhos de águias, linces do porvir, límpida, cristalina visão do pleno, peren-itude do ser que, na continuidade das buscas das éresis do amor, da entrega, dimensão espiritual única que trans-eleva a contingência aos auspícios da luz que ressurrecta o espírito do absoluto, refaz-lhe, re-nova-lhe, re-cria-lhe, re-inventa-lhe, não sendo apenas a senda de aproximação, mas veredas da vivência, a seda de visões além.
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Sedas de janeiro,
Cristalina visão do pleno,
Vir-a-ser de espíritos de sensibilidade
Do prazer e da alegria de ser
Querença do além.
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Fina teia de seda, crepúsculos à luz do vir-a-ser de verbos que numinem o alvorecer do Ser e do Amor, os ex-tases do Desejo e da Fantasia, do Sonho e da Poesia.
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Quê lindo olhar de dentro a vida do espírito, sentir-lhe nos seus interstícios, nos seus âmagos plenos, carícias, toques. Gostoso o amor de dentro visualizando o éden das primícias dos jardins, cujas flores exalam o perfume do eterno pré-figurado, pós-figurado de sinestesias do belo, da estesia. Mais lindo ainda quando a visão é plena, visualizo a manhã alvorecendo, um passarinho pousado na amurada, saudando a manhã de janeiro que acaba de florar, os raios de sol, o brilho do dia, os rostos das pessoas no trânsito das alamedas, ruas, avenidas, o bêbado deitado na calça dormindo, o mendigo na porta da igreja com o seu pratinho esperando a esmola que lhe garantirá o pão e o café, um marmitex no botequim. Visão de dentro, visão de fora. Absoluto do olhar. Quem sente, em verdade, estes olhos, sente profundo a vida, o olhar no ser de olhar.
Olhar a vida na sua éresis da beleza, da natureza, das montanhas, do mar, a vida enfim.
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Fina teia de seda...
De horizontes, o espírito de janeiro...
#riodejaneiro, 01 de janeiro de 2020#

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