/KAYROS: À LUZ DO SILÊNCIO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



Cigarras em uníssono, manhã de véspera,
Soniam seus cantos fortes, altissonantes,
Determinados,
A rede no seu vai-e-vem emite som
Em sintonia com os sonidos das cigarras,
Sonidos das utopias, das esperanças...
O tempo en-si-mesmado, nublado,
Gracias à la Vita...
O bosque solitário... Ondas orlam as areias....
Graça eterna do Sublime.
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Kayros
Sem amor, as esperanças são perdidas,
Sem carinho, os sonhos são vagabundos,
Sem entrega, as quimeras são vadias,
Boêmios, à-toas, andantes,
Sem, a fé são efemeridades
***** *
A fé na sua accepção é dimensão divina,
É a que o homem experimenta,
Sente a sua relação com Deus;
A fé fecunda,
A fé febunda,
A fé besta, a fé basta,
A fé que sensibiliza mais as mãos
Para regenciar os verbos para frente,
Projectar os gerenciamentos ao que há-de vir,
Hei-de ser-me, ouvir-me,
Essa a fé que empreendo na jornada da ec-sistência.


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Kayros
Tempo de chegar à chocante conclusão
De que este mundo se resume a um turbulento devir,
Ao alvorecer de tumultuados quereres,
Recusando-se a condenar o mundo como culpado,
Os outros algozes, como cúmplices,
E proclamar a inocência.
Aceitar o mundo,
Admitir as coisas da vida, escalafobéticas,
Con-sentir o mundo é como é,
Mas o celebrar como inocente e ingênua
Brincadeira das situações e circunstâncias,
Tempos e conjunturas.
Afirmação da vida - tão simples assim!
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Cigarras em uníssono, manhã de véspera,
Soniam seus cantos fortes, altissonantes,
Determinados,
A rede no seu vai-e-vem emite som
Em sintonia com os sonidos das cigarras,
Sonidos das utopias, das esperanças...
O tempo en-si-mesmado, nublado,
Gracias à la Vita...
O bosque solitário... Ondas orlam as areias....
Graça eterna do Sublime.
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Kayros
Tempo de re-fazenda
- se o amor não realizou o eidos da
trans-cendência verbal de sentir o espírito da alma, degustando o sabor divino
do sonho eterno do sublime,
re-fazê-lo de esperanças outras,
con-templando-lhe o sublime dos sentidos.
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Kayros
Tempo de re-novação
- se a estesia da alma do espírito não inspirou
o verso uno da felicidade,
a uni-vocidade do prazer e êxtase pelo feito,
não foi a seiva do ser,
o cerne do inconsciente divino
na trans-lucidez do lúdico,
não despertou o núcleo da sin-estesia do belo,
pureza da beleza,
re-nová-la de outros desejos das metáforas do perene,
de outras vontades do prazer da liberdade
que voa horizontes e uni-versos
perscrutando os interstícios eidéticos da plen-itude,
de outras volúpias da etern-idade
que esvoaçam as asas sobre as águas vivas do mar,
it dos recônditos do que transcende a vida,
sobre o silvestre das florestas,
sobre o vento ad-vindo das profundezas
do abismo à busca da solenidade de alhures,
que ad-stringe e ad-nomina os crepúsculos
do ocaso com a madrugada que a-nuncia
o alvorecer de pássaros trinando
os sonos de outras metáforas no sonho de vida.
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Cigarras em uníssono, manhã de véspera,
Soniam seus cantos fortes, altissonantes,
Determinados,
A rede no seu vai-e-vem emite som
Em sintonia com os sonidos das cigarras,
Sonidos das utopias, das esperanças...
O tempo en-si-mesmado, nublado,
Gracias à la Vita...
O bosque solitário... Ondas orlam as areias....
Graça eterna do Sublime.
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Kayros
Tempo de sentimentos
- queria estar chorando lágrimas
ad-vindas de dores e sofrimentos
da existência plena de luzes
que deixei nas sombras do picadeiro,
sítio do uni-versal sonho das alegrias,
sob o trapézio solitário inerte no ar,
mas verto gotículas ardentes de esperanças e sonhos, alegrias e utopias por saber intimamente
nos interstícios da contingência
as estrelas brilham na solidão da noite para depois,
na aurora,
os raios numinosos do sol
brilharem no arco-íris das imanências,
queria do pretérito,
sem etiquetas,
diplomacias,
uma entrega simples dos "trechos" que ed-ificam,
artificiam o hodierno,
para des-abrochar na minha incumbência
e ec-sistir à baila das dialécticas,
contradições, absurdos,
à dramaturgia dos nonsenses,
doenças da mente,
con-tingências das condições,
peregrinar pelos becos,
na convicção de um espairecer as idéias.
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Kayros
Tempo de criação,
recriação,
invenções,
imagens,
cores,
letras
- desejava estar con-templando-as,
vislumbrando-as,
sentindo o íntimo eivado de alegrias,
contentamentos,
a querença de ampl-itude,
esplender ilusões, de-lusões,
o sentimento presente da con-templação, sê-lo no sendo-a, vice-versa,
a magia,
a declaração afirmativa da vida das buscas,
dos desejos e vontades -
"a vida é bela", diante de seus horrores e tumultos todos, superar a mim próprio,
ir além de mim;
desejava residir a claridade deste agora,
deste instante-limite,
momento,
o instante de hoje,
como se fosse breve a-nunciação de algo no íntimo,
como se fosse o movimento do tempo,
o-ir-ele-passando,
os sentimentos breves de a-nunciação deixaram vestígios - se revelando, pensamentos, idéias, ideais, a verbalização, estar sendo no quotidiano o que sinto e posso dizer com clareza, andar de mãos e pés juntos, as utopias presente.
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Kayros... Kayros... Kayros...
Kayros possui faces, rostos, semblantes, fisionomias, maquiagens de arte e largadas,
um incumbe-me,
outro impingi-me aos devaneios, desvarios,
viagens florais astrais,
e senti-los no mais recôndito dos interstícios da alma,
eivar-me de seus perfumes,
refletir, reflexionar, em movimento,
deixar as coisas rolarem livremente,
criar o destino,
outro silencia-se.
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Cigarras em uníssono, manhã de véspera,
Soniam seus cantos fortes, altissonantes,
Determinados,
A rede no seu vai-e-vem emite som
Em sintonia com os sonidos das cigarras,
Sonidos das utopias, das esperanças...
O tempo en-si-mesmado, nublado,
Gracias à la Vita...
O bosque solitário... Ondas orlam as areias....
Graça eterna do Sublime.


#riodejaneiro, 23 de dezembro de 2019#

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