OLHOS INFLEXÍVEIS E RESPLANDECENTES# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



Fabricando dias plenos,
segundos e minutos sublimes,
criando fantasias e ilusões
que me encaminham e orientam
nas veredas dos desejos e vontades
de encontro comigo,
nas veredas da razão
de ser-me, de viver-me;
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Ventos de leste. Sibilos de sul. Porque seria pergunta mais que percuciente no trans-curso, percurso dos ventos a esperança é sempre a música idílica da perfeição que ad-mira as imperfeições por ser ela o verbo "in", por ser ela o sorumbático das melancolias, nostalgias e saudades das meiguices insolentes do inferno.
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Se a etern-idade nadificasse angústias, náuseas, se nadificação houvesse na etern-idade , habitasse-lhe as pre-fundas, simplesmente simples a simplicidade de conjugar os verbos defectivamente para o ser preceder o não-ser, para a morte preceder a vida.


Recitando a lírica da vida,
declamando os versos dos sonhos e utopias,
de sim e de não,
nas experiências e vivências,
do verbo e da carne, do sujeito e dos ossos
que buscam a essência
do ser e da verdade,
De olhos fechados,
Ambas as mãos tocando a face direita,
Sentado no parapeito da janela fechada,
A lua, o brilho incindindo-se no espelho,
sou em mim dentro êxtases e volúpias,
sensações e sentimentos ávidos,
mergulhando-me inteiro em busca de
minhas esperanças, de minha fé,
de minha certeza de que agora
estou registrando estas letras
que se me a-nunciam nas ad-jacências
do futuro e do presente,
do passado e do que ainda não
fora pensado nestes interstícios
do tempo;
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Sou a hora que chega e se perde, fardo colorido, lembranças do raio de luz, sopro com que apaga na noite o lume que acendo; sou ruminâncias, à “luz da estrela guia,/ a lua clara,/ noite vadia”, olhando a vida com olhos inflexíveis e resplandecentes, em que volto a re-conhecer, na musicalidade de noites seresteiras, de forrós, de outros arrasta-pés um destino e, nas ruinâncias de minha vida, fragmentos espirituais, miríades de outras solidões e medos, à luz do presente que, no seu crepúsculo, a manhã ainda irradia um doce resplendor, o homem cheio de fé e de alegria, radiante de outros princípios e valores, sempre no encalço do grande e do eterno, do absoluto e divino no misticismo de outras utopias de entregas e espiritualidades, de outras lendas e mitos da história de conhecimentos e sabedorias, de outras fábulas e mentiras das buscas incansáveis do eterno.
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Sou a utopia que na passagem do tempo e da história encontrou o berço das regências das in-verdades, verdades, para iluminá-la de desejo, vontade e razão “... de experimentar o belo, e vermos para além da visão habitual que nos é imposta.”
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A ninguém a-nuncia o porvir da felicidade que acalma o intimo, re-vela a redenção dos pecados e pecadilhos, remorsos, culpas, o coração segue pulsando livre,nele a brisa suave e sublime do Espírito do Subterrâneo.


#riodejaneiro, 17 de dezembro de 2019#

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