@ESCRITA ESCRITURÁRIA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



Pós de esias esparramados no chão
De metáforas destituídas de sons, sentidos
Jogados na sarjeta de palavretas
Nos lotes incultos de cínicas letras
- E quê palavretas! Indecentes, imorais
E quê letras! Inócuas, obtusas
Tenho vergonha, tenho asco, tenho náuseas -
Desprovidas de perspectivas, luzes e imagens
Nonsense...


Ser não é mostrar-se e mostrar-se não é ser
Descompassadas nas trilhas dos inter-ditos,
Além-ditos, aquém-ditos,
Palavras mudas, palavras cegas, palavras surdas,
Palavras coxas, as famosas claudicantes,
Desconectadas dos precipícios onde se embevecem
De sensibilidade, contingências, trans-cendências,
Excluídas das cisternas onde se escondem
E saciam a sede do inócuo,
Bloqueadas as vias de acesso ao re-verso in-verso
Onde porventura matassem a curiosidade de seu sabor
Todo ente nasce sem razão
Prolonga-se por fraqueza
Morre por encontro im-pre-visto
Nada,
Nonadas...


E os olhos se extasiam com o resplendor
Do inaudito, in-intelig-ível, imaginário das transgressões
Do inóspito, insolências da meiguice, meiguices insolentes,
Verbos desqualificados, verbos descompassados,
Intoleráveis, insuportáveis, enguli-los, quê mal-estar!
Amaria das prefundas de minh´alma escrever uma escrita Escriturária, torna-se-me, contudo, quase impossível de fazê-lo no que tange ao fato inconteste de que cometeria uma série de gafes, estar nas tintas para isto - ah, como estou! Antenas sempre ligadas.


Não é bom para a minha imagem, por não estar familiarizado com a linguagem de "escrita escriturária", nada sei sobre ela, ademais estou sobremodo sem assunto, melhor dizendo, des-assuntado, as gafes seriam inevitáveis, o bom senso aconselha-me a não me utilizar de gafes; creio não ec-sistir alguém solidário, prestativo, compassivo, pode desejar ajudar-me, dizendo que quem faz a contabilidade de pessoa física e jurídica é denominado escriturário, quem trabalha em cartório também é chamado de escriturário, mas não desta escritura a que me refiro, a escrita escriturária aqui menciono não existe.


Então, restam-me:
As imaginações férteis que viajam
Anacronias da ternura seduzindo as maledicências da alma
Anestesias da carícia e toques bolinando os boduns
Dos salões de encontros
E exposições de luxúrias, nonsenses,
Mentalidades de ameba,
Anistias da ternura, entrega, doação
Dos instintos primevos do eterno, efêmero.


As estrelas velam
O ossuário dos ideais,
Contra-luz das utopias e dialética da iluminação.
Nada...
Nada puro...
Nada sublime...
Nada divino...
Nada supremo...
Nada reles...
Nada bastardo...
Nada: Ser ou Espírito?


Cinzas de esias cobrindo matagais, mangues
Cogito ergo non sum
Con-templar é matar a sede de conhecimentos
Cinzas lembram ossos, após alguns anos
De por baixo da terra, tornam-se cinzas
Recordam o limite inevitável da vida, a morte
Cinzas de nada...
Cinzas de nada puro...
Cinzas de nada sublime...
Cinzas de nada divino...
Cinzas de nada supremo...
Cinzas de nada herege...
Cinzas de nada proscrito...
Cinzas de nada corrupto...
Cinzas: Reais ou frutos da imaginação fértil
Aliada à inspiração, percepção, intuição, intenção?


Des-assuntado em nível tão elevado em que me encontro, a "escrita escriturária" que amaria sobremodo re-velá-la à larga das con-tingências e trans-cendências, mas, pelo simples fato do medo de cometer gafes em série com a linguagem, com o estilo, com eles não estou familiarizado, restando-me o estilo que poderia ser hilário, seria facílimo realizá-lo, mas o des-assunto deixou estes versos e estrofes que não possuem claro, escuro, são palavras chapadas, o real. Serão rígidos, sinistros, desérticos, mas não os quero subestimando, negligenciando as horas alucinadas nem as palavras ditas antes com voz consciente e sábia, os pensamentos maduramente pensados, as idéias intelectualmente traçadas, os atos que de por trás de si deixaram situações.


Onde - as gafes?
As gafes - onde?
Gafes - onde?
Onde... Gafe?
Não existe o "onde" ga-fectivo! Existe o verbo "defectivo" - Latir é um deles: não existe a primeira pessoa nele: "Eu lato"... Óbvio, não sou cachorro nem durmo como um cão corrido no caminho, ao sol!... Gatafunho uma missiva de tema "defectivo", intenções "ga-fectivas", escrituro a escrita...


- Não sabia que não existia!


(**RIO DE JANEIRO**, 28 DE OUTUBRO DE 2018

Comentários

  1. "O BRILHO DE UM ASPECTO DIFERENTE"

    Boa tarde meu veterano companheiro Manoel Ferreira,prazer em obter te comigo!
    Hoje o dia amanheceu com um brilho de um aspecto diferente e atraente! Nessa
    segunda-feira esse país com a escolha de um novo presidente.Em nome dessa nova
    juventude surge outras sugestões em gestos de bravuras,sem temer as agressões
    da velha ditadura,respeito essas inovações quem sabe reinstalem em nossas culturas
    os valores através dessas novas compreensões.As mudanças são necessárias para
    que cada um ande,embora sejam por intermediárias,mas precisamos de projeções
    para que nossas diárias passem à progredir,valorizando os esforços dessa massa
    incluindo os patrões.Um suspiro forte recente,com as idéias de um novo presidente
    merece boas comemorações!
    Abraço!...

    ResponderExcluir

Postar um comentário