#FLORAÇÃO DA ESTÉTICA DIALÉCTICA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: FILOSOFIA POÉTICA DA ESTÉTICA




Pers de ilusões olvidadas, nonadas recusadas, refutadas, retros de idílios postergados aos instantes-limites, absurdos; liberdade, sentimentos soltos à larga das volições pretéritas, subjetivas in-fin-itivando de nonadas os terrenos baldios da alma, os lotes vagos da inconsciência, o tempo que à medida das travessias desliza suave e leve, sem lenço, sem documento, sem destino, sem sagas, sinas, subjetivando de vazios as querenças de sonhar as plen-itudes do além por inter-médio das inspirações, intuições, percepções, intenções, que re-colhem, a-colhem a sensibilidade, o espírito, éritos, érisis, iríadas, iríasis, nuvens brancas, nuvens azuis, estrelas, as luas, raios de sol incandescentes, dialéticas da iluminação, utopias do sublime.


Em deus me erijo, insciente, deus faminto, deus sedento, saudoso das faces iluminadas, saudoso da existência, saudoso da tradição da auditividade e não oralidade, metáforas das modalidades discursivas. Por que o pensamento revoa à toa, na luz?


Que metafísica, que metáfora
Tem as águas dos córregos, rios, mares, oceanos?
As de serem outras após a passagem de por baixo
Das pontes partidas, quebradas,
E a de serem o saciar das sedes
Mas que melhor metafísica, metáfora
Que as delas, das pontes e águas,
Que a de não saberem para que vivem
Nem saberem, conhecerem que o não sabem, conhecem.


O único sentido de tudo, de todas as coisas,
Sentido íntimo, almático,
E não terem sentido íntimo, almático algum,
Por que, então, a metafísica, as metáforas?


Por que nunca se escoa o tempo? Vou seguindo em demanda de meus rastros, é um tremor radioso, um temor resplandecente, tremor e temor, uma opulência de quase impossíveis, de impossíveis, casulos do possível. Há tanto tempo que o tempo não lembra, mas os segundos no ponteiro do relógio se recordam da poeira que os gestos espalhavam no chão. A mente exausta coloca em risco a produção artística, mas se serve de si mesma para constituir a soberania.


Seria que houvesse de explicar, elucidar, gastar toda a lábia para dizer que se "deus" aqui está escrito com letra minúscula se refere à mitologia grega? Pode haver quem elucubre, vagueia, devaneia ser heresia escrever deus com letra minúscula. Zeus é o pai de todos os deuses. Zeus é escrito com letra maiúscula, e todos os outros são com letra maiúscula, por exemplo, o deus Apolo, o deus Júpiter. Eresis sou a mim, verbo, estética, sensibilidade, ainda que às re-versas.


A sabedoria das esperanças habita a entrega, doação ao pensar que pensa o pensamento do sentir que sente o sentimento, do refletir que reflete a reflexão, do meditar que medita a meditação, con-templando dos interstícios da alma carente, do íntimo solitário, do coração estrangeiro, do inaudito ao silêncio, luzes e contra-luzes que reluzem a cintilância no reluzir das paisagens, imagens na tela do alvorecer da terra à soleira do mundo, imagens lúdicas do uni-verso seduzido pelas constelações idílicas, simbolismo do vir-a-ser, e o nada passeia na lua cheia, signo do eterno, forclusions, manque-d´êtres solsticiados de neblinas, ensimesmando, ofuscando a visão do infinito, mas o vento cândido passando levemente sarapalha os flocos de neblina, inda que embaciados para as sensações primevas, primárias do eterno, eterno que ama ocultar-se e re-velar-se, infinito que in-fin-itiva o tempo e o ser...


Só sei de mim, só sei de mim, só sei de mim. Existir dói quanto mais se goza e quanto mais se é livre para gozar, lembrar-me-ei de ser livre, o pó-ente, mais gosto de senti-lo.


Quero o perfume da flor que me embriague, que me inebrie, flor que nasce, despetala à noite. Quero o sonho que anuncia a estética da consciência. Toda superfície da consciência deve ser preservada/conservada livre de todos os grandes imperativos; toda sensibilidade deve ser res-guardada das intempéries e desassossegos, para que revele o que há profundo inconsciente... Outras alamedas, sensibilidade e consciência, livre, pretéritos são pretéritos, passado é passado. A solidão é a mim, somente palavras não dizem coisa alguma, vivê-la é emocionante, filho de mim próprio, pai e mãe de mim mesmo, irmãos de mim, a amada ao lado, entrelaçadas mãos, as estrelas brilhando no céu, as cadelas latindo, Laila, Paloma, utopias, projectos, os lobos uivando no alto das colinas, a coruja cantando, sonhos e verbos..., o miquinho encolhido atrás da cadeira, no canto, com medo de ser atacado por Jana, quase o mata, coitadinho, o folk-lore da natureza, mitos, lendas, conversas para boi dormir.


Quero(emos) o amanhecer com outras ilusões, inspirações, intuições, percepções.


Quero(emos) o amor da flor de cactus, secos, água que sacia a sede, a entrega à ec-sistência diante das verdades íntimas, particulares, nada escondendo, ocultando, existimo-nos, da flor de cactus às sementes, construtores de pontes da futura flor do amor.


#RIODEJANEIRO#, 26 DE OUTUBRO DE 2018)

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