O QUE É VERNÁCULO... DORMIMOS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



Ventos desérticos, tempestade de areia
Oásis olvidados no tempo.
Verbos marítimos, ondas gigantes,
Maresias.


Qualquer coisa que não Vernáculo
Qualquer coisa que não Sonho
Qualquer coisa que não Vida.


Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine.


Dormimos o que é Vernáculo.
E o sonho,
Inda que, enfim, em toques o construamos,
Ouvimo-lo alhures.
A linguagem do silêncio povoava-lhe o amor,
À busca de um sentido.
Envesgamos nossa língua ao ponto
De alcançar, atingir o murmúrio das águas
Nas folhas do ipê amarelo,
Enrolamos, entrelaçamos nossos olhos
Ao ponto de sentir-lhes.


Descobertas. Loucuras.
E delírios desconhecidos.
Divina dedicação da vida com o místico,
E do místico com o exótico,
E do exótico com o erotismo apaixonado dos loucos,
Algazarras e silêncios outros,
Efusivos volos do sublime deixando marcas
No trilhar das dialécticas e contradições.


Pérfida,
A dissimulação ensina serpentes
Cujo mergulho cessa obséquios.


Retiradas ambições convergem discrições
Cujo medo amortecem convivências.


Estremecidas vozes
Afrontam artifícios do outro.


O mundo é profundo, e mais profundo do que jamais julgou o dia. Nem tudo pode faltar perante o dia. Mas chega o dia.


Prosa metalinguística do além
Cujas dimensões do in-audito estilizam
Razões in-versas, re-versas da solidão
Dis-persas nos liames do silêncio
E silvestre das margens das veredas
Que re-velam à distância...


Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; todas as veredas utópicas das palavras e letras, ainda que eu tenha tamanha fé ao ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.


O sol da meia-noite
Cujos raios iluminam morros e colinas
Poesia metafísica do nada e silêncio, do vazio e algazarra,
Dos sons do verbo e música da regência estética


Ô! Céu desenrolado sobre si, céu casto e inflamado!
Ô! Felicidade antecedente à saída do sol! Chega o dia.


#RIODEJANEIRO#, 24 DE OUTUBRO DE 2018)

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