#POUCO CONVERSADO NAS COUSAS DO MUNDO# Manoel Ferreira Neto: DESENHO/GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA


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?Palavras ao vento, que a mim importa-me... os ventos as trazem de novo e eu as re-colho, a-colho. Faço coleção de palavras, tempo de retornar ao tempo, coleção de lápis, coleção de figurinhas, excelente brinquedo, diversão; coleção de palavras: belo exercício de sensibilidade e inteligência.


Houvesse de me redimir dos pecados capitais da língua e ossos, especialmente de o outro ser o meu pecado original supremo, par excellence, por haverem interferido nas sorrelfas do bem e do mal, tergi-versado de prazeres e gozos, fazendo de mim unicamente instinto atoleimado, jogando-me no beco sem saída das coisas fúteis e fortuitas, na madrugada de ontem para hoje não teria dormido um instante sequer, pesar-me-ia a consciência, sentir-me-ia o mais vil da laia humana.


Rede de verbos re-versos e in-versos, verbos defectivos e anômalos, pensar o pensamento que pensa o aqui-e-agora de daqui a pouco, o instante-limite de algures, perscrutar o intelecto que tece os fios dos sonhos e utopias, procurar penetrar no segredo das coisas, escabichar as falácias... Começar no in-verso para atingir o verso verdadeiro, a sabedoria é um sono sem sonhos, um bom sono e, mais, virtudes com a virtude da papoula. Ad-versos e per-versos do nada, nada é senão o nada, quiçá esta a perspectiva de olhar os linces da liberdade e consciência, aquém, muito aquém desta abismática re-flexão, mas tão somente o nada ser sêmen de ideais e utopias, húmus da liberdade em questão. Chupar o sabor do dia a dia!


Então, um sorriso nascera no fundo da miséria e destinara a melhor sentido... O que a melhor sentido?


Metafísicas das sendas e veredas perdidas nas "antanhas" memórias da concepção do caos, a lógica afaste-me os frios privilégios, geração das vacuidades, roa-me o desejo de partir, luz e brilho do vazio, a esquina faça de mim outro homem, trevas e sombras do nada, e tudo libertado se resolve numa efusão de riso e sol, e por toda a eternidade a razão pura encalacrada de impossibilidades de a verdade ser a luz do espírito que numina os manque-d`êtres seculares e milenares. E se perquiro-me, indago-me, pergunto-me, questiono-me a que venho com estes dizeres, não seria poucochito hermético e complexo: não quero muitas honras, medalhas, blá-blá-blá, nem, tampouco, grandes tesouros: isso causa inflamação do baço.


Rede de filosofias e querenças do verbo, fazer cercas de arame farpado e muros, muralha, fazer palavras, cunhar moedas de chuva, afiar os olhos para con-templar o in-visível visível e o visível invisível, o dizível indizível, vice-versa, esculpir a língua para mostrar a sua face nítida e nula de silêncio e verbo...


Sentimentos não são conhecimentos e não indicam, portanto, mistérios e, como o mistério se comunica com a razão sem poder, no entanto, ser comunicado a todos, cada um só tem que procurá-lo (se realmente nela subsistir) em sua própria razão. A deliciosa paisagem tem alfim uma alma; o elemento subjetivo vem coroar os vazios, o elemento instintivo vem corroborar as esperanças do sublime, o elemento sensível vem preencher de expectativas as utopias da verdade.


Que verdade seria esta? Tudo se resume numa única verdade? Então, a pergunta é única... Todas as outras unicamente fantasias. Que pergunta dará como resposta esta verdade única?


Cá de arribas, auspício de colina, vislumbrando a paisagem, o panorama, con-templando: o longínquo, a distância são o que justamente se opõe ao gênio especulativo. Esquece-me o que há de água, de sopro e de inocência no fundo de mim.


Ipseidades e solipsismos do não-ser que vagueia solitário e silencioso, angústia e tristeza por ser discriminado e rejeitado, por que saboreia com volúpia as neuroses de perfeição, as psicoses de absoluto, à soleira do abismo perscruta as miríades do efêmero que a-nunciam o há-de ser sob a cintilância das cores do arco-íris desejando com êxtases e euforias as nonadas do apocalipse, sorrelfas da consumação dos tempos para nalgum momento do ec-sistir se entregar por inteiro ao vai-e-vem da rede numa noite de chuvinha fina, a
razão ter ainda, pelo menos próprio para seu uso, um sinal negativo, ouvindo os ritmos e acordes do uni-verso, balalaika do pretérito em síntese com o fado do infinitivo dos horizontes, particípio de confins, gerúndios de arribas, fez a fama deitou na rede... ser um só, de todos, sem palavras. Há homens que esculpem pedras tão sensivelmente que são capazes de esculpir a discriminação e rejeição e criar o rosto da "bastardia", rebeldia, insolência, irreverência, o que hoje significam as rejeições, discriminações? Línguas já se calaram, bocas já emudeceram, cabeças já se abaixaram.


Rede de esquecimentos e presenças a extasiarem as volúpias do desejo de sentimentos ad-vindos dos cofres inexpugnáveis da alma, da vontade de verbos que revelem a luz, desvelem os brilhos, estesiarem os volos da querença de in-fin-itivos que concebam sons e palavras. Esquece-me dizer que, no ponto de vista através de que busco compreensões e entendimentos das coisas, um vai-e-vem de rede é um instante de saborear o amor com o tim-tim das taças de vinho, é um momento inestimável a juros, momento em que tudo o que não fale de "companheiros" é estrangeiro, festa do coração, assim o discernimento pelo afeto, ternura, entrega, carinho. Súbito relâmpago atravessa as sombras do espírito, baladas, baladas... baladas soam e ressoam nos ouvidos uma trajetória...


O amor é a lei da vida, a razão única da ec-sistência. Encher de uma só vez a alma, sem que ninguém lhe beba o licor divino, e regressar ao céu sem ter conhecido a felicidade na terra, o sentimento de que a alma está cheia, e é eloquente, porque é sincera.
Vai-e-vem...
Vai-e-vem...
Vai-e-vem...
Nós nos reconhecemos e a isto chamamos de amor. Amor é con-sentido, concedido compartilhar um pouco mais, um pouco mais os sentimentos, as utopias, os sonhos. Rede de esquecimentos e presenças. Sonhos em ação. Transfusão absoluta de alma para alma.


Rede de sentimentos e idéias a acenderem as achas da lareira da alma sedenta de sabedorias... do fogão a lenha das utopias e sonhos, lembranças de instantes na porta da taberna Sarapalha, nas terras cordisburguenses, noite, fogueira acesa, alguém dissera o fogo de uma palavra acende aquela vontade de tocar boi pelo sertão a fora. A face límpida do pote de ouro no fim do arco-íris, imagem e face que originam o rosto das sublim-itudes da sabedoria, sarapalhada de resquícios, salpicada de vestígios do tempo que re-criam, compõem, poetizam e poematizam as pontes partidas em direção, pro-jetadas aos ilimites do além, aos ab-surdos do in-finito, e que as contingências da náusea e desespero expliquem, justifiquem as incongruências do inferno meigo das insolências.


Se a minha alma clamava contra o destino, minha consciência me acusava de um erro, erro que não veio, a troco de um sonho que não veio... Deixo-me balançar, ir e voltar na corrente dos sentimentos e idéias, tenho um coração inda muito criança para as letargias, pensamentos sombrios, embora não afaste as con-tingências, carências e faltas, ausências e atitudes de não, encontros e des-encontros, embora não recuse ou repreenda os sarcasmos, ironias, cinismos, são o azeite francês na salada das algazarras, aquele gole de vodka russa para acompanhar, a confissão pública.


Homem inda pouco conversado nas cousas do mundo.


#RIODEJANEIRO#, 30 DE SETEMBRO DE 2018)


Comentários

  1. " INDEFINIDAS LADAINHAS "

    Olá companheiro Manoel Ferreira,incrível descrições capazes de ultrapassarem fronteiras!
    Apesar de eu não saber a respeito da tua naturalidade,aprecio a tua costumeira
    de escrever através de verbos encantando toda essa sociedade brasileira
    compreendo que faz sentido,tu mereces ser compreendido,iluminando te de primeira
    nesse país uma das coisas que mais nos estressam são os contrangedores que tanto
    prometem mas não cumprem suas promessas,indefinidas ladainhas que explodem mas não
    caminham,isso pra nós não interessa!....

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