POR GLÓRIA INFLAMA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA


Ó versos cambaios e coxos! Ó versos! Prosa de toda a gente, e versos de quem perdido está na in-cor-respondência, dor de amor "Vem me amar"!

Ó sombra robusta que se despreende e avança, meus olhos são miúdos para enxergar à distância as ondas do mar, os rios desconexos, fita o espelho e se despetalará no céu de outono.

Fora! Benzo-me, persigno-me, renuncio o apertar de mãos! Antes um corno pelos peitos dentro, que um verso romântico pelos ouvidos. Bem que, perscrutados de atenção ínfima, sinónimos parecem corno e verso, rimas parecem náuseas e estrofes, quando em linhas venais tenta id, ego. Ou quando sensabor, ou quando insano, louvar de graça e por glória inflama.

Fala: "O amor salva o mundo." Envereda-se por todos os mata-burros à busca de conceituá-lo, defini-lo, com que palavras fúteis, com que emoções medíocres, e com que milagre, se o amor é o que não é nas linhas tortas de sentimentos oblíquos?! Jamais se envileceram versos tantos, e tantos paupérrimos sons de solidão, de dor, de sofrimento, de agonia.

O caos esplendera a todos os horizonte, abismara-se o globo com tantos uivos, com tantas ruminâncias, com tantos gemidos
de amor.

A humanidade agoniza de sofrimento com a modernidade dos versos medíocres de amor.

(**RIO DE JANEIRO**, 10 DE OUTUBRO DE 201

Comentários