#AFORISMO 795/ NONADAS DE TRAVESSIAS - TRIBUTO A BELO HORIZONTE# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



Viver é vivenciar o ser-da-vida, nos instantes de glórias e felicidade ser o nada con-templando os horizontes belos e os belos horizontes das angústias e tristezas, nos momentos de melancolias e sofrimentos ser o vazio olhando de esguelha e soslaio o in-finito uni-verso das in-verdades e solidões do não-ser, nos segundos de depressões e alegrias ser a visão trans-lúcida, trans-parente, trans-lúdica, trans-reversa dos medos do prazer e dos infortúnios. Viver é viver-enciar, viver-inicializar no não-ser dos vazios, nadas a luz fosforescente de crepúsculos pálidos na retina de olhos que enxergam à distância, no longínquo de in-finitudes a efemeridade dos sonhos verbais e dos verbos defectivos do amar-ser-sombras divinas na serenidade de um descanso à mercê de uma árvore de copa frondosa.

Isto é viver... Não vivo a travessia de nonadas, não vivo o passar nas pontes partidas, não vivo o pisar nos mata-burros de estradas poeirentas e trincadas de raios numinosos do sol ardente, não vivo o alvorecer de veredas perpassando os uni-versos do não-ser, não vivo no crepúsculo con-templar da praia a in-fin-itude do oceano, as gaivotas ciscando na orla, esvoaçando, pousadas nos barcos e canoas... Em verdade, em verdade, nada vivo, vivencio o ser-da-vida, sendo-em-sendo-do-ser-da-vida sigo o campo de caminhos sinuosos de curvas e ziguezagues, ora amando apaixonadamente o verbo do ser-amor, ora negando todos os sentimentos e emoções, ora recusando todas as inspirações do belo e da verdade, ora rastejando nas sarjetas imundas do quotidiano das situações e circunstâncias, ora quase mendigando nas tabacarias de todas as solidões, acompanhando a DÚVIDA METÓDICA, para cujo antídoto nada melhor que "Penso logo existo", e, tendo consciência de existir, perquiro se existir vale a pena.

Nada vivo... Ah, quem dera vivesse, a vida se me contemplasse no espelho das imagens perpétuas, das efígies pagãs!,,, E nas perspectivas e ângulos re-versos às cavalitas das lusitanas jornadas por mares desconhecidos respiro a serenidade do inferno nas lareiras chamejantes da perpétua morte ou da morte na perpetuidade da vida...

No MIRANTE dos Belos Horizontes ou no Horizonte Belo do nada e do vazio vislumbro a Liberdade das Sete Magias do Não-ser... manque-d´etres, forclusions, ipseidades,nentes, náuseas, vazios, nonadas... 

Ah, Capital Mineira... Belo Horizonte de todas as Luzes do Mundo... Num restaurante, escrevo, bebo, sinto a vida, vivencio o não-viver, não vivo o vivenciar da vida, no calçadão de um anel rodoviário, atrás da universidade, con-templ-oro o verbo de não-ser defectivo. E vou seguindo as visões do Mirante Belorizontino à procura do NADA ESPLENDIDO de viver...

Não sou poeta, versificando, não sou escritor, na prosa verbalizando... Sou nada à luz de todos os vazios... Sou vazio à luz de todos os nadas nas nonadas de todas as travessias...

Seager´s e palavras, preenchia a página de agenda, só um casal tomava um drink acompanhado de churrasco, ouvindo músicas numa FM, disperso e presente, con-versando sobre os sintomas da esquizoidia, alunos da faculdade que são, Santo Antônio os abenções nos sintomas da esquizofrenia, garatujava uma espécie de diário... diário poético

Alguma coisa em mim
Sucede a doer em surpresa
E o meu corpo
Arde numa volúpia eufórica
Voluptuosidade profusa
Queima
Num desejo estonteante
De polidez, nobreza....

(RIO DE JANEIRO**, 29 DE MAIO DE 2018)

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