#AFORISMO 784/ SENTI-NELAS - METÁFORA E PROPOSTA# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



II PARTE


SENTI-NELAS de verbos e regências pálidos jogos que tem a aparência para intencionados "interesses da arte" quanto para a produção de algum tipo de desejo de belas palavras fantasmagóricas de sonhos livres de paixões e impulsos atrozes, a fim de soltá-los sobre os homens modernos: estes preferem serem feridos e destroçados a estarem consigo próprios em silêncio, não serem as últimas luzes de tudo, fica sempre uma nesga, franja de quimeras onde há perquirições do nada e do tempo, o corpo gasto renovar-se em espuma, os sentidos alertas auscultando #a voz e o eco do som de cânticos do inolvidável de utopias e esperanças, re-colhendo e a-colhendo com simplicidade os ritmos e acordes de presente do ocaso#.


SENTI-NELAS de ventos e nada o exílio sem água e palavra, o eco já não cor-res-pondendo ao apelo de um cristal de mil suspiros límpidos e frígidos, um arabesco abraça as coisas, sem reduzi-las, haverem um campo cheio de sono e antigas confidências, suave rosto inclinado no vão do tempo de sopros de liberdade, as aves trinam outro canto, conquistas para outro reino, sonho e compromisso ao bosque de perquirições e reflexões do nada e das coisas, no nada habita a eidética da liberdade e sede de destino, da casa-do-ser, as sinuosidades entre as árvores de copas pequenas, mas suntuosas, dando sombra aos ziguezagues da dor e do sonho de verdades, o clima suave, alguns raios de sol incindindo-se nos troncos à soleira dos casebres, casinhas, choupanas, a troca de dedos de prosa com o in-audito, o silêncio, a meditação nas terras lá de Minas Gerais.


SENTI-NELAS de libertinagens e pontes partidas a imagem re-fletida de cores das colchas da cama, os desenhos, os sonos suaves e serenos, por vezes sonhos trágicos, dramáticos, melancólicos, saudosos de outros mares, oceanos, os passeios na orla, as ondas esparramando-se na areia, e sendas e veredas outras trilhas seguidas até a consumação das etern-idades, o preâmbulo do eterno, com as letras insignes da paixão e do desvario, as imagens florando na floração das cores e traços, quiçá aplaudindo certo móvel, antiga radiola, músicas, distante, longínquo desta certeza, desta convicção que tais instantes são origens dos murmúrios e sussurros do silêncio nas cordas de todos os instrumentos, no teclado dos pianos, podereis, então, saber e conhecer a sabedoria abre os braços ao conhecimento do eidos da dialética da existência dialéctica, às utopias do entendimento e compreensão dos mistérios e enigmas do ser e do nada, outras dimensões para a visão, inda que em semente, germén, da continuidade do ser que se faz continuamente das buscas e dos encontros, dos fracassos e das vitórias, a música esplendida nos sentimentos e visões de outros amanheceres e alvoreceres, as palavras lançadas aos ventos de leste rumo à colina onde o etéreo risca o diamante das etern-itudes...


SENTI-NELAS de angústias e náuseas dos princípios, dogmas, preceitos, verborréias do além eterno, frutos das fugas e sublimações do manque-d´être e forclusions, puramente a vaidade da inédita linguagem e estilo, há coisas compreensíveis e in-inteligíveis em cada caverna, as idéias, quiça, tenham delas originado?, con-templai nelas a indiferença gaia e não o grito, na curva do sapato o calcanhar rosa e puro, palavras irônicas e ambíguas "Quero regressar renegado, repelido pela salsugem do lago da fonte luminosa", à sombra de um mundo oblíquo, obtuso, opaco, o murmúrio de um protesto tímido, contemplai nas raízes das árvores, da castanheira, a copa que sereniza a sombra à soleira do tronco, uma soneca tranquila e suave, o crepúsculo dos devaneios, se uma metáfora vai emurchecendo, outra, sorrindo, rindo, gargalhando se propõe.


SENTI-NELAS de silêncios e solidões o declínio delicioso e de um não mais querer, como se sondasse o ouvir e o indizível do boi-tempo e a sabedoria dos solitários e silenciosos: "Sempre pensei e senti, desejei poder dizê-las em palavras o que nelas, a respeito de qualquer coisa que já a conheço; não me ponhais uma coroa de espinho, não sou responsável pela vontade de poder haver assolado a dignidade e honra dos indivíduos e dos rebanhos, mundo contraditório e sinistro, vislumbrai nesta dramaturgia insípida de desvarios e devaneios os espectros de outros ocasos e madrugadas precedendo próximo amanhecer, esse anelo de sentimentos e emoções serenos e suaves, respingados de orvalho, de sentir e pensar a treva espessa que entre os raios de sol inda se filtra, inda se destila os perfumes das rosas e orquídeas, filmados em contra-luz, mostrando o ser deserto à busca do in-finito das areias, rosas e orquídeas nos bosques, nos matagais, noutras choupanas nas florestas, lareira acesa, achas queimando-se, os idílios e fantasias presentes na fertilidade da criação de outros destinos, rumos, portos onde o sentimento de fenecimento flora na floração das cinzas e do pó, floresce no florescer no caule da existência mais gloriosa de ideais do sublime e do ser, do rítmico e do nada, do melodioso e da náusea...


SENTI-NELAS de ex-tases e gozos do fruto proibido, há nuances de sensualismo nalgumas paragens da linguagem e dos verbos, fruto das moléstias da psiqué, soerguei o momento prelibando bom de doer e invocá-lo, evocá-lo, se custar a apresentar-se, se custar a a-nunciar-se, a pugência como um fruto maduro, uma vivência, e quanto mais a tempestade aumenta mais voei alto, segui os ideais, as idéias, quanto mais fria noite, onde a coruja nalguma galha de árvore, canta a erudição e o volo de outras miríades de luz e trevas da dialética da existência dialéctica, dor das esferas e do caos, das velhas eras e períodos.


SENTI-NELAS de pontes partidas e becos sem saídas das ideologias haver a arte, ritual e cântico da magia desagrilhoada da mentira de ser verdadeira, des-cortinada da hipocrisia de ser apenas desvario e devaneio, libertada de ser fingimento, sudário de veludo, na mole algidez parece roubar para devolver, já tarde e corrupta, velha medalha em que ressona e dorme o eco, a brisa na selva inspira como poucos idílios jamais o lograram, e passando por ventos se des-faz, rolando os deuses, o milhão de palavras, deito fora a um tempo os olhos e os óculos, quantidades de sono e sonho se depositam sobre a terra esfacelada o som do vazio feito de depurações e depurações.


(**RIO DE JANEIRO**, 23 DE MAIO DE 2018)


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