#AFORISMO 772/ DE ÁTIMOS DO TEMPO ALÉM# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



EPÍGRAFE:


"Ísticas itudes de volos plendidas de íades do finito
Sob os ifícios versais, suav-idade de ências passadas de pers
De ilusões do eterno, ésias de quimeras veladas de
Estesias e áforas de iculas góticas
Erbalizando as erdades do espírito." (Manoel Ferreira Neto)


Não me reveleis vossos sentimentos que se prevalecem do equívoco, do oblíquo, do obtuso e tentam a longa travessia. O canto não é a natureza. O canto não é o segredo da efusão lírica. Fadiga e esperança nada significam. O que pensais e sentis inda não é a verdade poética da alma.


Post scriptum vem as memórias, após as memórias vem o tempo a trazer inédito sentimento de memórias, uma luz, uma alegria, uma inteligência do uni-verso. Lá onde não chega a ironia, o tempo sobre as utopias abate. Acreditarei em mitos? Acreditarei em lendas? Zombarei do mundo? A dor no vácuo lembra uma dor menor.


Ser e nada. Espírito subterrâneo.


Domingo frio. Músicas no ar. Não acabou o mundo de alcançar a perfeição, enquanto tomo caipirinha acompanhada de deliciosos torresmos? Olhos de todas as línguas. Línguas de todas as palavras dispersas, flutuantes. Voz de orifícios. Palavras sujas de álcool. Gestos conduzidos. Atitudes impensadas. Estribada entidade insulta inocências.


Mordem da manhã o assentimento universal. Primeiras palavras. Primevos verbos. Preambulares in-finitivos, gerúndios, particípios. Primeiros sons, sons flutissonantes, sons altissonantes, sons dissonantes.


Silésias do in-audito. Há um copo de whisky e blues destilando ópios de emergências.
Silésias da plen-itude. Há molduras na parede, espinho no coração, um prato com restos de panqueca sobre a mesa.
Silésias dos tempos e dos ventos pectivando ingências do assentimento uni-versal, imortal. Há um vento marítimo com cheiro de peixe, melancolia, viagens.
Silésias dos inter-ditos e incognoscíveis pres-crevendo insolências e irreverências. Há um corpo esmorecido na lascívia frouxa da dissolução prévia.
Silésias de sentimentos que pervagam perspectivas contingentes do nada, ipseidades do vazio solene e místico, facticidades da náusea magnífica e frutífera. Há verdes solidões, merencórios prantos, queixumes de outrora.


É de lamber com a língua úmida. Esculpem em carne e ossos as linhas da mão, desenham em imagens a terceira margem do rio sem pressa, da terceira margem sem início, sem fim. É de sentir na boca o paladar da evidência, da clarividência, o gostinho delicioso da trans-parência.


Iluminísticas sol-itudes de volúpias e êxtases deslizando serenas à luz cristalina do horizonte circundado de miríades do In-finito, de átimos do tempo além, o nada passeia na lua minguante resplendido de ínfimos raios brilhantes, o tempo de-cursa lento e tranquilo nas margens do abismo sob a suavidade do vento invernal.


Quando, oh, poço da eternidade! sereno e aterrador abismo das onze horas, quando reabsorvereis em vós a minh´alma? Não oscileis entre o espelho e a memória em dissipação. Não recomponhais vossa sepultada e merencória infância de rasa água.


O crepúsculo sopra nostalgia. O horizonte tremula de á-gonias. A natureza chora, enlanguescida, em suaves dolências de saudade. O coração é o músculo mais forte do corpo, a mente é a natureza mais singela da vida. O sentimento é o primeiro a partir. O silêncio derrama-se profundo em sinceros louvores de alegria, des-consolo, contentamento, desolação, prazer, tristeza.


Escutai o vosso coração!... Ele é a memória da saudade.


(**RIO DE JANEIRO**, 21 DE MAIO DE 2018)


Comentários