#AFORISMO 790/ CORES DE MAIO CINTILANDO O MAR** - GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



Paisagem, semiologia, ritmo
Solidão, agonia da paixão
Inoportuno o pressentimento
Escuro da emoção
Por ironia, tantas vezes sarapalhei confetes
Pensando que o carnaval houvesse domado as suas volúpias.


Panorama, semântica, melodia
Das moléstias psíquicas, que delícia sentir-lhes!,
Apocalíptica visão de que a consumação das etern-idades
Puro antídoto para as moléstias psíquicas não propagarem,
Trevas do intelecto e razão,
Por sarcasmo, quanta vez não pulei a cerca da dignidade,
Esta é a marca registrada, a patente do conservadorismo,
Tradicionalismo, bons princípios, os rebanhos multiplicam-se.


Varri o tapete da varanda
Ouvindo a solidão sendo melodiada
Nunca mais senti tanta alegria,
Foi demais ver as estrelas cadentes
Seguirem o ziguezague da noite,
ao redor da lua, soltei balões
Ecos à distância acenavam-me
Fluía-me neles, sussurros, murmúrios,
Cores de maio brilhando de outono
As gáveas do espírito
Cores de maio cintilando a alma das
Ipanemas do oceano lúdico,
Cores de maio fosforescendo
A Ilha de Paquetá de lâminas de pensamentos,
Ideais de idéias outras da liberdade...
Os versos do mar carioca, do Rio de Janeiro,
Não há outros que se lhes igualam
Artificie-os por todos os continentes,
Pelo mundo a fora,
Carecerão da poesia Rio de Janeiro.


Neblina e vento ameno, proscênio
Do in-finito sob
Copacabanas do verso de in-verno
Diversos e ad-versos ideais, idéias,
Senti a noite sob a vaga marítima
De leblons da alegria breve,
Declarar haver havido átimos de momentos
Sentindo a presença da solidão,
Confortável ,
Agora vou viver a manhã,
Seguir outra estrela, outra brisa
Do mar entrando pelas aberturas da veneziana,
Está no tempo o mistério,
Está no ar a maresia,
Valsas e murmúrios,
Partículas de comida de um garfo hesitante
Nas caixas de fósforos, nascendo outros sambas...


Lá se vai mais uma ilusão
Consternado de desculpas recito
Mais um soneto sem rimas,
Sem chave de ouro,
Mais um pagodinho à mercê
Do im-proviso, à quiça de gáveas
Quimeras do crepúsculo
Na areia do tempo, passos e traços
Deixados sem palavras, sem castelos
Leve, muito leve, pluma
Demais abraçar a estátua de Drummond sentado no banco,
Ventinho frio tocando,
Sonho a tornar real
A face suave, serena...


Em seguida, vai-se na terra o silêncio global,
A sombra da árvore, parada um instante, súplicas
Lívido suor de rebeldias, sem remorsos,
Enigmas que escarnecem da tentativa de interpretação,
Carecem de perspicácias do outro, que os liberte,
Dê-lhe asas e penas,
Dia dos ventos,
Correspondência e complemento,
Sobrevive a consciência.
Pantomima por filamentos de ternura e riso,
Dispersos no tempo,
Color de versos e estrofes,
Cor de poema.


Semântica, silêncio, melodia
Do Ser,
Do Verbo,
"Olha que coisa mais linda, mas cheia de graça"
A onda no mar sob os raios do sol
Deslizando-se livre na superfície
Da água, rumo à praia
Entardecer tranquilo,
Mais de cores ipanemas
Cintilando acordes de paisagens livres
De líricas da alma, poesia do espírito.


(**RIO DE JANEIRO**, 26 DE MAIO DE 2018)


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