#AFORISMO 793/ E A FLORESTA BEBIA O RIO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



E a floresta bebia o rio.


Vernáculo erudito de sorrelfas das melancolias e nostalgias, e o rio bebia a floresta.
Travessia de in-trans-itivas semiologias de etéreas á-gonias, e a floresta bebia o rio, prescrevendo com pena os inter-ditos da alma que rumina de re-versos in-versos as ad-versas do vento, preceituar com as visões e conhecimentos as idéias vão se manifestando às pencas, vento de entre colinas sibilando oníricos ritmos do efêmero, vento sob as águas, gotículas flanando, alegria nítida de pretéritos nulos, sentimentos de apaixonados desejos fluindo de sonhos deixados nas margens do tempo.


Raízes do inverno, inspirando a alma a recitar o silêncio do frio a contemplar as flores a desabrocharem na primavera, exalarem o perfume dos sentimentos da beleza e do belo, estesia do Ser e Templo-Verbo-Infinito. Prevenções e confusos pensamentos distantes. Enorme alento à alma desesperada e ao coração que duvida. Mesquinhas no resplendor de rios não profanados


O rio bebia a floresta e a floresta bebia o rio. Raízes de ritmos e melodias da música do tempo, em sendo-em-sendo de encontros e des-encontros, amores e des-amores, elevam-me o espírito, sensibilizado de razão/vida, ao cume dos paraísos celestiais onde garbosamente deambulo, perambulo, vislumbrando suas belezas e esplendores, con-templando as águas do rio dos sentidos plenos, cantarolando o "lá-lá-rá-la" da felicidade e da paz.


E a floresta bebia o rio.


Monólogo de introspecção e circunspecção de verdades que as águas deixam e deixaram para trás, nada levam na jornada, re-novam-se a todo instante, respostas esvaecendo-se livremente, e a alma bebe os sentimentos, sensações, emoções, sacia a sede do movimento, sentir o fardo e o dever de mil tentativas e tentações da vida, arriscar constantemente, jogar este jogo ingrato.


Quiçá nos ziguezagues das árvores, esgueirando-se das cobras,"espírito de surdina rebeldia o dar-se a sucessividade de tão belas "imagens"-mensagens, pois que pensa, reflete, deduz como um matemático da estética, colhendo de sua intimidade toda fundamentação de seus sentidos quanto ambiguidades, contra-sensos, sonhos...", quiçá esta inspiração torne-se real, o que artificiar para alcançar tal proeza e engenho, e a floresta bebia o rio.


E a floresta bebia o rio.
Rio de silêncio, por terra sinuosa, correndo lentamente, prolonga a liberdade como um segredo declarado no ouvido de um homem do povo caído na rua, e os pueris, patéticos e loucos falam...


E eu-rio por água abaixo. E a floresta bebia o rio.


Que presságios circulam pelos cafundós da floresta, que mistérios e enigmas, que signos de paixão, que fôlego hesita em consumar-se, como flúor? A mina do outro não se esgota, o ouro surpreendido nas cavernas de que instinto possui a esquiva rota? Instintos em véus, num movimento lento e grave, tão majestosos, na indecisa procura de si mesmos, suas faces, a sem-palavra das estórias que o entendimento não alcança. Se me enlaço nos tais de desejos menores, ou na indecisa procura de si mesmos, que se expandem corpóreos, as cositas tais que se me revelam são mais leves que a brisa. Coral sem ritmo. Infernos futuros e pretéritos.


E a floresta bebia o rio...


(**RIO DE JANEIRO**, 28 DE MAIO DE 2018) .


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