ANA JÚLIA MACHADO CRÍTICA LITERÁRIA POETISA E ESCRITORA ANALISA O AFORISMO 612 /**ASAS LEVES DO CONDOR**/



O escritor Manoel Ferreira Neto ao escrever o poema “ASAS LEVES DO CONDOR” AFORISMO BLUES POÉTICO, não o fez inocentemente…


O Blues foi, mais que uma melodia, seu primordial meio de manifestação, exercendo igualmente, desde então, um papel sociológico e psicológico absolutamente não-habitual na música moderna do mundo ocidental. Na realidade, e é preciso persistir neste ponto, o Blues é uma etnomúsica mas em categorias sócio históricas tais, que pôde ser explorada comercialmente antes de tornar-se objeto de estudos científicos! É só, portanto, através de uma abordagem desse tipo etnomusicológica, sociológica e histórica - que se pode entender realmente o Blues e dar-lhe seu lugar preciso na cultura americana. Porque, nascido de uma longa tradição oral e abalando então rudemente as regras do solfejo e da harmonia, o Blues desafiou durante muito tempo os hábitos da escrita musical.
Marcou uma era de libertação…ligada depois aos boêmios, peace not war,; entre outros meios de arte….
Os espertalhões que se deslocam na escuridão
São parecidos às celebridades,
E o parirem em completo mutismo.
Alguns avezam adejar no seu interior,
São pássaros repletos de punições,
E o seu entoo movimenta-se por artérias
a sustentar cavidades ávidas
Que ao compreenderem sua entoação
Vazam poemas de cio


Outros absolutos de intervalos,
Aprovam compor lares nos rebos,
E no regaço extasiante das mulheres misteriosas
Costumam assimilar seu entoo,
Para posteriormente de regresso ao seu aposento
Disseminar pelo meio a embriaguez
Que causa do vate um servo
Dos verbos que porfia e alvitra
E de um modo peculiar de fantasiar.


Os espertalhões que se movimentam na escuridão
São assimilados ao perene,
E disseminam em seu aposento a nostalgia
De um período que igualmente podia adejar.
E o canto do toupeirão alhures à perpetuidade.
Ecoa independente nos clandestinos dos sonhos.


Ana Júlia Machado


Eis o Blues, Aninha Júlia. Sou mais que apaixonado pelo Blues. No livro de Sartre, A NÁUSEA, o personagem ANTOINE DE ROQUENTIN ouve sempre uma música no café, SOME OF THESE DAYS, é um blues. Aí começou a minha paixão pelo Blues. Busquei aqui realizar uma etnomusicologia literária- filosófica.


Manoel Ferreira Neto


#AFORISMO 612/ASAS LEVES DO CONDOR#
GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO BLUES POÉTICO


Pres-ente a-pres-ent-ando, pres-ent-ificando
Noite noturna de nós velados
Sombras na calçada, calmaria na rua
Desolada.


Boêmios descansam as nostalgias
O violão esquecido no armário
Sono perdido de vãos amores, efêmeras paixões.


O poeta cofia o bigode, olha as coisas, objetos
Sozinho na mesa do bar tece versos
Sem estrofes as estrelas prefiguram
De emoções a inconsciência do eterno
Desfigurado de páginas, letras apagadas
Ciências ocultas.


As carências solicitam sonhos perdidos
No limiar da lua
Que incide brilhos nos solstícios da noite
Presentificada de idílios com-pondo nonadas,
{Apres}-[ent]-ando,
Ando antes de entes...


De sentimentos, a fumaça do cigarro
Esvaece-se
Os olhos piscam, respiração contida
Pensamentos longínquos tecem o tempo
Ido de alegrias, felicidades, risos soltos.


O amor configurando o espírito da alma
Sedenta de verbos
Ad-jacentes ao jamais de conquistas
À soleira das sensações, carinho, ternura
Na cáritas do peito, a presença da entrega
Felicidade conjugada de subjuntivos
Límpidos, transparentes, nítidos
Obnubilados de ideais, utopias.


O poeta sozinho na mesa de bar
A cinza do cigarro acumulada na brasa
A fumaça esvaecendo-se no ar
Cotovelo sobre o braço da cadeira
Mão esquerda amparando o queixo
Pena sobre a página em que escrevia
O re-verso poético das letras ipsis
Olha distante a noite que passa
Nada de horas, nada de tempo
Solto, livre, largado no vazio do instante
Ontens se foram nas asas leves do condor.


Escritos nas páginas de lembranças
O litteris de imagens eivadas de toques
O absoluto do amor, intimidade do corpo
Seduz de luz o clímax da criação
Prazer, êxtase
Os instantes da noite passam sem segundos.


O canto da coruja alhures à eternidade
Ressoa livre nos recônditos dos ideais.


O canto da coruja alhures à eternidade.
Ressoa livre nos recônditos dos ideais.
(...)
(...)
(...)


(**RIO DE JANEIRO**, 05 DE MARÇO DE 2018)


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