#AFORISMO 612B/ASAS LEVES DO CONDOR# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO BLUES POÉTICO



Pres-ente a-pres-ent-ando, pres-ent-ificando
Noite noturna de nós velados
Sombras na calçada, calmaria na rua
Desolada.


Boêmios descansam as nostalgias
O violão esquecido no armário
Sono perdido de vãos amores, efêmeras paixões.


O poeta cofia o bigode, olha as coisas, objetos
Sozinho na mesa do bar tece versos
Sem estrofes as estrelas prefiguram
De emoções a inconsciência do eterno
Desfigurado de páginas, letras apagadas
Ciências ocultas.


As carências solicitam sonhos perdidos
No limiar da lua
Que incide brilhos nos solstícios da noite
Presentificada de idílios com-pondo nonadas,
{Apres}-[ent]-ando,
Ando antes de entes...


De sentimentos, a fumaça do cigarro
Esvaece-se
Os olhos piscam, respiração contida
Pensamentos longínquos tecem o tempo
Ido de alegrias, felicidades, risos soltos.


O amor configurando o espírito da alma
Sedenta de verbos
Ad-jacentes ao jamais de conquistas
À soleira das sensações, carinho, ternura
Na cáritas do peito, a presença da entrega
Felicidade conjugada de subjuntivos
Límpidos, transparentes, nítidos
Obnubilados de ideais, utopias.


O poeta sozinho na mesa de bar
A cinza do cigarro acumulada na brasa
A fumaça esvaecendo-se no ar
Cotovelo sobre o braço da cadeira
Mão esquerda amparando o queixo
Pena sobre a página em que escrevia
O re-verso poético das letras ipsis
Olha distante a noite que passa
Nada de horas, nada de tempo
Solto, livre, largado no vazio do instante
Ontens se foram nas asas leves do condor.


Escritos nas páginas de lembranças
O litteris de imagens eivadas de toques
O absoluto do amor, intimidade do corpo
Seduz de luz o clímax da criação
Prazer, êxtase
Os instantes da noite passam sem segundos.


O canto da coruja alhures à eternidade
Ressoa livre nos recônditos dos ideais.


O canto da coruja alhures à eternidade.
Ressoa livre nos recônditos dos ideais.
(...)
(...)
(...)


(**RIO DE JANEIRO**, 05 DE MARÇO DE 2018)


Comentários