#AFORISMO 640/RE-FLEXÃO NO AMANHECER NA ILHA DE ITAOCA# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



Sinfonia de linguísticas, temáticas da imaginação,
Ópera de semânticas, temas da consciência,
Serenata de metafísicas,
Na lírica do prazer, re-colhendo de seduções
A redenção no fim do arco-íris,
A-colhendo de lúdicas intuições
A ressurreição catártica do eclipse,
Melancólicas saudades musicadas de linhas, além-linhas
Só acredito na minha solidão
Só acredito no silvestre das florestas
Só acredito na fumaça do cigarro que esvaece
Só acredito nas mãos que constroem o que alentece
No ar de dúvidas e incerteza,
Só acredito na poiésis da dor ritmada
De sensações ardentes, mistério da plen-itude, eterno,
Só acredito no entrelaçamento do amor e da liberdade
De visualizar longínquo a etern-itude in-trans-itiva e in-fin-itiva
Da ec-sistência.


Estesia da carne
Banquete de sensações à luz
De churrasco de serpentes, vinho do Porto
Deuses anunciando a culinária de volúpias, gozos
A eternidade mergulhando profundo no efêmero
Das delícias, êxtases do corpo
Baile de seduções
Hora dançante de glórias e conquistas
Versos
Estrofes
Linhas, entre-linhas, além-linhas,
Sonoridade, musicalidade,
Porvir do jogo da felicidade
No reino do amanhã
No crepúsculo do amanhecer
No amanhecer do crepúsculo
Anoitecer de primaveras.


Zinas da natureza de eloquências,
Erudições - vias do expressionismo,
Da máxima latina "A natureza não dá saltos",
Rir arremessado na luminosidade
Música e canto, remoto futuro
Textura de inibidos que confeccionam
No refulgir de celibatários
A inspiração do ente, sangue do alento
Ondulosas veredas serpenteando independências
Recapitulando numa gabolice-ária
Roteiros de luminosidades
No labirinto de dilemas e sofrimentos
A alma compassa de apetites motejos supremos
Edificando a anais nos intervalos
De exasperações e carência de crença,
Fadário de hipótese - amanhar o físico no berro.
Desperdiço o esvoaço de aurífico
Adentro da sensibilidade da corporeidade
Sei o apego in-exaurível
De intransmissíveis quimeras, sossego das ossadas.
Composição de linguagem humana, assuntos da fantasia.


Miríades de verdades anunciam caminhos do campo
Intensos são os prazeres e alegrias, a percuciência de ideais são consciências
Re-integradas, res-gatadas, re-cuperadas de fantasias outrora vividas
Nos pret-éritos ad-jacentes às confusões e perdições in-finitas de querências
Alinhavadas de sentimentos do não-ser, des-virtuando a alma
Leito de águas cristalinas, iluminado à superfície de raios numinosos
Engolfando sentimentos em absoluta re-flexão do que há-de vir
Sentido, a vida em-si mesma, na sua luz se revela
Solene, sabedoria do verbo sendo a carne do absoluto, real-ização con-tingente,
Sapiência dos ventos sendo a memória dos sonhos pret-éritos,
Omnisciência do silêncio sendo lâminas de luz das esperanças,
Omnipresença do sangue a correr nas veias sendo miríades da fé,
Assim, o corpo do real comunga-se à realidade profunda da alma.


Despertando outras verdades,
Luzes à mercê de palavras,
A pó-emática do instante-limite,
Entre a dial-éctica do eterno
E a contra-dição do ab-soluto,
Verbaliza o mistério abençoado,
Sagrado, canonizado,
Graça das palavras, coração sabedor,
Abre caminhos
De pers e pectivas,
Em uni-versos outros
De ribeiras próprias,
Aquém dos espaços vazios
Ao longo das experiências,
Além da vigorosa vitalidade
Interior
De poiésis e temáticas
Do trans-cendente,
Sou palavras de mistério e silêncio,
De silvos do ente, sibilos do verbo ser,
Sou imagem de crepúsculo e auroras por vir,
Sou profusão de flores e pássaros de mármore,
Sou buscas do verbo do ser
Que almejo pro-jetar,
Que intenciono libertar do inter-dito
Das coisas e das palavras...


(**RIO DE JANEIRO**, 17 DE MARÇO DE 2018)


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