#AFORISMO 664/DANÇA LÍRICA DOS SENTIDOS# - GRAÇA FONTIS: PINTURA /ARTE ILUSTRATIVA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



EPÍGRAFE:


"...sibilos a ecoarem na solicitude múltipla e íntima dos desejos, alicerçando a vida acima das diferenças coisas e mutações..." (in #INSTANTES#, Graça Fontis)


Rede de volúpias
Extasiando sentimentos
Que aspiram a liberdade
"Paixão não é amor
É deslize do coração...",
Que acendem as chamas
Dos desejos plenos de ex-tases
Dos sonhos absolutos da verdade
Das utopias efêmeras do eterno
Que perpassa horizontes, uni-versos
Luzes da ribalta, sóis do amanhecer
Das utopias do tempo
Que dialetizam o vento e o ser,
Que contradizem o bem e o mal.


Rede de pensamentos
- Pensar o pensamento que pensa
É mister entregar-se à consciência do nada,
Palavras eruditas não tem qualquer substância -
Que tecem a filosofia e a poesia
Que pro-jectam as expectativas do sublime,
A estética da liberdade, a ética da consciência,
Que contingenciam as coisas do mundo
Que pensam os verbos do pensar,
Que traçam as res extensa e cogitans
Com as linhas das dúvidas e questionamentos
Lá fora o mar.
O mar sem par,
Lá no fundo das águas
Os mistérios do silêncio.


Rede de ideais
Gosto de ovos
Cozidos, fritos com cebola
Tomando vinho em copo francês
Gosto de bife com farinha,
Tomando cerveja em taça de cristal,
Gosto de salmão,
Tomando gim Seager´s - quê delicia!
E o Underberg então?! - que sabor divino -
Numa xícara transparente com gelo e rodela de limão
Gosto de tapioca no café da manhã,
Tomando um cafezinho de ontem requentado
Lá fora o vento agita a natureza,
Gosto no amanhecer, o sol inda por nascer,
Colher nos pés e chupar pitanga,
Caju, molhados do orvalho da madrugada.


Rede de verdades
Não aprecio curtir couro cru
Não aprecio comentar o que me
Não diz sentido, não me faz pensar,
Não aprecio compartilhar idéias sem alma,
Sem espírito,
Sem verbos,
Aprecio con-templar a liberdade,
Ser quem não sou e não ser quem sou,
Curtir, comentar, compartilhar
A sensibilidade pura,
Sonhos inocentes,
Esperanças ingênuas,
Eidos das utopias.


Rede de palavras eruditas
Que tocam a sensibilidade,
Que sensibilizam a alma,
Que despertam fantasias, ilusões
Perdidas nos recantos do tempo
Que ascendem a solidão às antipodas do silêncio
Em cujo eidos habita a esperança do além
Do sonho do verbo e ventos do nada.


(*RIO DE JANEIRO*, 23 DE MARÇO DE 2018)


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