**PÁSSAROS NO ALVORECER - REVISADO E AMPLIADO** - Manoel Ferreira


Ah, se não amasse de paixão o difícil, as dificuldades,
Tudo seria tão fácil e simples!



Do antiqüíssimo de mim, onde têm raiz todas as rosas de maravilha, todos os lírios de magia no branco de suas pétalas, todas as samambaias de puro verde, todas as flores silvestres do esplendor, balançando à mercê do vento que passa, após o sibilo dele entre as montanhas, cujos odores são esperanças que amo, são volos por que nutro sentimentos e emoções trans-cendentes, porque as sei fora de relação com o que há na vida, vontade estranha, oculta, in-audita e deliberada de verter lágrimas quentes e fáceis, talvez porque a alma é infinita e a vida, finita, talvez porque a fé é horizontal e a vontade dela, vertical na uni-versalidade dos ponteiros do relógio que se movimentam lentamente, na temporalidade da águia que segue a sua trajetória ao além, a-nunciando o porvir de outros amores e sonhos nas bordas do tempo, o vir-a-ser de outros projetos e objetivos a serem cumpridos para a continuidade da vida e a feitura do ser, no canto da coruja em madrugada alta, a querência dos verbos nos sonhos de fin-itude, nas utopias de eternidade, nas sorrelfas da mortalidade olímpica de confins, na cont-ingência da morte e do esquecimento.
Rompe, em claridade, o madrugar, dissolve na bruma o raio fugitivo e a natureza chora gotas de sereno cristalizadas, observo eu da sala de estar, olhos ensimesmados e questionadores, o tempo ensimesmado, quiçá choverá mais tarde, e ainda penso como será o amanhã no aceno da memória aos éritos subjuntivos e in-fin-itivos de outroras; no picadeiro do sonho, raio de luz passeia nas ruas e avenidas, solto brinca no jardim ensaiando cânticos na primavera noturna da ilusão, quiçá no outono do dia da verdade e do absoluto, nas quatro estações vivaldianas e urbanas, em vigília a essência do olhar, o ser dos sentimentos que perpassam a vida em busca de evangelhos do amor e paz, à busca da EFEMERIDADE, à busca do cântico dos cânticos da solidariedade, da paz, à busca da SUBLIMIDADE..
A compaixão surge na existência contínua, Cíclica, com grandes fontes de alegria como a misericórdia, o que desejo é que ilumine a todos como tem iluminado a mim, e deito tranqüilo e sereno, Sonho paraísos, Sonho florestas silvestres, Sonho sendas perdidas, sonho pássaros no alvorecer, sabendo que vós, Senhora Maria, estais junto a mim em todo instante.
Esta antiga angústia que trago há milênios no coração, transbordou da taça em lágrimas, imaginações férteis, desejos de mostrar o íntimo, re-velar o ser que ante-cede os verbos que con-juguei, pro-nunciando-lhes com re-verência e nitidez, mesmo com todas as dificuldades, carências, mesmo nos inter-ditos, o primeiro que aprendi a con-jugar fora o “amar” na dimensão da caritas sincera, leal e fiel.
E, no entanto, na lua que esplende no céu, no sol que incide sobre o sertão, no Coração das Minas Gerais, um indício fala no limiar das origens, um vest-ígio diz na contra-moeda do que haveria de ser antes da criação, antes do caos que se tornou cosmos, dos coronéis que hoje andam de calças curtas, falando calmo e tranqüilo, voz fina e esplendorosamente educada.



Manoel Ferreira Neto.
(12 de maio de 2016)


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