**DE BARBA BRANCA, SIM SENHOR** - Manoel Ferreira


O que são o tempo e os valores?
Lembram-me na infância os comentários das pessoas quando se ombreavam com um homem de barba grande e branca. Sentia-se nelas aquele respeito, consideração, reconhecimento: a barba branca era símbolo de experiências, vivências, sabedoria. Era tratado com finesse, carinho, afeição. Nunca chamei ninguém de "senhor" ou "senhora", mesmo os velhinhos. Mas ao velhinho de barba grande branca, chamava-o de senhor, para mim era(e continua sendo) o símbolo da sabedoria adquirida com as experiências e vivências. 
Hoje, a barba longa e branca de um homem é sinal de falta de higiene, é ser caquético, estar caindo aos pedaços. Não há mais o respeito, a consideração pelo velho, pelo velho de barba branca. Não se pode, não se deve usar barba, bigode brancos, o rosto deve estar limpinho, limpinho, bem escanhoado. 
Não sou velho, os cabelos estão brancos, simplesmente uma questão de genética. Meu irmão de quarenta e quatro anos já está com belos sinais de cabelos brancos, barba branca. Dizem que sem barba e bigode brancos fico mais elegante. A elegância de um homem não está na barba e bigode feitos, escanhoados: a elegância de um homem está na "humanidade do ser". Na minha barba e bigodes brancos, sinto a presença desta "humanidade do ser", sinto que re-velo a todos os olhos e ao vento. Hei-de ver-me velhinho mesmo, barba branca grande, de bengala, andando a passos de bicho preguiça. Sentir-me-ei o mais elegante dos homens. 
Não faço mesmo parte deste mundo avesso aos valores eternos e verdadeiros.



Manoel Ferreira Neto.
(16 de maio de 2016)

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