CRÍTICA LITERÁRIA DA AMIGA, ESCRITORA E POETISA MARIA FERNANDES AO TEXTO /**E A FLORESTA BEBIA O RIO**/

                                            
O ecossistema da vida em paralelismo com a obra literária e a erudição. Assim como a floresta bebe o rio, assim o escritor bebe no silencio infinito do que o rodeia e na erudição das Letras o manancial para compor a sua obra literária. Um abraço, escritor amigo Manoel Ferreira Neto.



Maria Fernandes



A intenção que se me apresentou tão logo a inspiração de "E a Floresta Bebia o Rio" foi a síntese da metalinguística, metassemântica, metassemiologia. Como poderia realizar esta síntese num texto? Dois dias eminentemente disperso e angustiado. A angústia dizia respeito a arrancar-me de dentro, em muitos momentos isto causa dores insofismáveis, pois o intimo é dilacerado com a lâmina da faca, noutras vezes causa prazeres indizíveis. Nisto, não conseguia escrever única palavra, não conseguia ficar parado, sentado, tinha de andar, andar, andar. perambulei pelas ruas.
A floresta, as águas, o rio, rio sem margens, rio sem pressa, sendas silvestres estão sempre presentes em minhas "coisinhas". O ecossistema. Mister comungar o ecossistema e o ato da criação. Matalinguística, metassemântica, metassemiologia só possível presentificando o ecossistema. Era empreender esta jornada. O título se me anunciou. Sempre busquei beber no rio de águas límpidas as três dimensões da minha obra, a erudição, a filosofia da estética, a estética do poema. Compor o texto fora um trabalho minucioso que me custou muito, muita ansiedade e expectativa. Felizmente, respondo com esta "coisinha" a pergunta dos amigos e leitores, entrevistadores, isto é, "onde é que encontro tanta inspiração". Bebo no silêncio do infinito e nas águas do rio o manancial para a literatura-filosófica-estética. E a meta-estética literária-filosófica bebe o tempo e os verbos. Assim encontro tanta inspiração.



Manoel Ferreira Neto.
(28 de maio de 2016)



**E A FLORESTA BEBIA O RIO**



Vernáculo erudito de sorrelfas das melancolias e nostalgias, e o rio bebia a floresta.
Travessia de in-trans-itivas semiologias de etéreas á-gonias, e a floresta bebia o rio, prescrevendo com pena os inter-ditos da alma que rumina de re-versos in-versos as ad-versas do vento, vento de entre colinas sibilando oníricos ritmos do efêmero, vento sob as águas, gotículas flanando, alegria nítida de pretéritos nulos, sentimentos de apaixonados desejos fluindo de sonhos deixados nas margens do tempo.
Raízes do inverno, inspirando a alma a recitar o silêncio do frio a contemplar as flores a desabrocharem na primavera, exalarem o perfume dos sentimentos da beleza e do belo, estesia do Ser e Templo-Verbo-Infinito.
O rio bebia a floresta e a floresta bebia o rio. Raízes de ritmos e melodias da música do tempo, em sendo-em-sendo de encontros e des-encontros, amores e des-amores, elevam-me o espírito, sensibilizado de razão/vida, ao cume dos paraísos celestiais onde garbosamente deambulo, perambulo, vislumbrando suas belezas e esplendores, con-templando as águas do rio dos sentidos plenos, cantarolando o "lá-lá-rá-la" da felicidade e da paz.
Monólogo de introspecção e circunspecção de verdades que as águas deixam e deixaram para trás, nada levam na jornada, re-novam-se a todo instante, respostas esvaecendo-se livremente, e a alma bebe os sentimentos, sensações, emoções, sacia a sede do movimento, sentir o fardo e o dever de mil tentativas e tentações da vida, arriscar constantemente, jogar este jogo ingrato.
E a floresta bebia o rio. E eu-rio por água abaixo. E o rio bebia a floresta. Rir é estar aí, é viver e viver é existir no eu, compor na alma o prelúdio da ópera do silêncio a embriagar-se de êxtase e volúpias.
Raízes de ritmos e melodias da música do tempo.
Águas de março fechando o verão.
Águas de maio abrindo o inverno. Respingos da chuva deslizando na vidraça da janela, silêncio da solidão, e a solidão bebia éritos volos da boêmia nostálgica, as velhas canções dizem muito, e o silêncio bebia inter-ditos e mistérios do vento, pois que o silêncio se aquece com o vento a perpassar suas linguísticas e semiologias do proscênio da eternidade de onde o panorama é o da beleza que já nasce póstuma, concebida com a presença do som das águas do mar batendo nas docas, as ondas espraiam-se, a solidão bebia éritos volos da boêmia nostálgica e o silêncio se aquecia com o vento a perpassar-lhe as linguísticas e metafísicas do picadeiro do além de onde a paisagem do belo é o re-nascer a todo instante de suas vaidades, e o rio bebia a floresta e a floresta bebia o rio... Quando no alvorecer os raios de luz mergulham nas frinchas das folhas das galhas, numinando a floresta, a floresta por todo o sempre bebendo o rio, a solidão e o silêncio bebendo do in-finito as in-fin-itudes da sabedoria do ser e do verbo...



Manoel Ferreira Neto.
(28 de maio de 2016)





Comentários