NONADAS DE TRAVESSIAS - TRIBUTO A BELO HORIZONTE. - Manoel Ferreira

                 
Viver é vivenciar o ser-da-vida, nos instantes de glórias e felicidade ser o nada con-templando os horizontes belos e os belos horizontes das angústias e tristezas, nos momentos de melancolias e sofrimentos ser o vazio olhando de esguelha e soslaio o in-finito uni-verso das in-verdades e solidões do não-ser, nos segundos de depressões e alegrias ser a visão trans-lúcida, trans-parente, trans-lúdica, trans-reversa dos medos do prazer e dos infortúnios. Viver é viver-enciar, viver-inicializar no não-ser dos vazios, nadas a luz fosforescente de crepúsculos pálidos na retina de olhos que enxergam à distância, no longínquo de in-finitudes a efemeridade dos sonhos verbais e dos verbos defectivos do amar-ser-sombras divinas na serenidade de um descanso à mercê de uma árvore de copa frondosa.
Isto é viver... Não vivo a travessia de nonadas, não vivo o passar nas pontes partidas, não vivo o pisar nos mata-burros de estradas poeirentas e trincadas de raios numinosos do sol ardente, Não vivo o alvorecer de veredas perpassando os uni-versos do não-ser... Em verdade, em verdade, nada vivo, vivencio o ser-da-vida, sendo-em-sendo-do-ser-da-vida sigo o campo de caminhos sinuosos de curvas e ziguezagues, ora amando apaixonadamente o verbo do ser-amor, ora negando todos os sentimentos e emoções, ora recusando todas as inspirações do belo e da verdade, ora rastejando nas sarjetas imundas do quotidiano das situações e circunstâncias, ora quase mendigando nas tabacarias de todas as solidões.
Nada vivo... Ah, quem dera vivesse, a vida se me contemplasse no espelho das imagens perpétuas!,,, E nas perspectivas e ângulos re-versos às cavalitas das lusitanas jornadas por mares desconhecidos respiro a serenidade do inferno nas lareiras chamejantes da perpétua morte ou da morte na perpetuidade da vida...
No MIRANTE dos Belos Horizontes ou no Horizonte Belo do nada e do vazio vislumbro a Liberdade das Sete Magias do Não-ser...
Ah, Capital Mineira... Belo Horizonte de todas as Luzes do Mundo... Num boteco, escrevo, bebo, sinto a vida, vivencio o não-viver, não vivo o vivenciar da vida, con-templ-oro o verbo de não-ser defectivo. E vou seguindo as visões do Mirante Belorizontino à procura do NADA ESPLENDIDO de viver...
Não sou poeta, versificando, não sou escritor, na prosa verbalizando... Sou nada à luz de todos os vazios... Sou vazio à luz de todos os nadas nas nonadas de todas as travessias...



Manoel Ferreira Neto.
(28 de maio de 2016)


Comentários