#VERBOS DO TEMPO E DO SER# Ana Júlia Machado: IMAGEM QUE ORNAMENTA SEU POEMA Manoel Ferreira Neto: POEMA $$$


EPÍGRAFE:



"O verbo aflui-me, não deprecia

E sedenta garra repleta o ritual."(Ana Júlia Machado)

$$$

Fazei

Do verbo de vosso tempo

A conjugação de vossas esperanças e sonhos,

A regência de vossos pensamentos e quimeras,

A gerência de vossa Língua e Vernáculos,

A verbalização de vossos mais íntimos desejos

A estética de vossas utopias da plen-itude,

A ética de vossas consciências do Ser!

----

Atravessai

A ponte de vossas ilusões, fantasias

A rua de vossas quimeras, medos

A alameda de vossas sorrelfas

Os lotes vagos de vossas futilidades, vossas hipocrisias,

Farsas, falsidades, aparências, cretinices,

E sede o encontro, a felicidade, o prazer!

----

Componde

O verso de vossa imperfeição

Com a perfeição de vossa inspiração e percepção

O soneto de vosso limite

Com o espírito do in-finito que esplende as luzes

Do belo!

----

Cantai

A lírica do ser, sentindo profundo a música

Da solidão ritmada, melodiada com o silêncio

A sensibilidade das a-nunciações do espírito

Espírito da solidão sonida de divinas notas,

Eivando os recônditos da alma de ilusões

Seivando as metáforas da língua de sensíveis utopias,

Voz rouca, altissonante,

A alma elevando-se

Além das contingências

Efêmeras!

----

Declamai

O soneto do amor, degustando e saboreando

O real da verdade, o eterno das utopias

A chave de ouro sintetizando subjetividade,

Sensibilidade, desejos e sonhos!

----

Recitai

A prosa da liberdade, con-templando o uni-verso

Do vir-a-ser, do porvir, do há-de ser!

A sátira da consciência, sarrabiscando mangofas

Pelas varandas de lares e residências,

Vangloriando-lhes, jubilando-lhes as condutas e etiquetas.

----

Senti

O vento que sibila perpassando os horizontes

Os raios numinosos do sol que brilham livres

Em todos os cantos e recantos da terra

As estalactites da gruta que pingam as gotículas de água

No Lago de Maquiné(Cordisburgo),

Eivando-lhe da leveza do ser.

O rio sem margem e sem pressa

Que segue os caminhos do campo!

----

Sede

O crepúsculo que a-nuncia o entardecer

O entardecer que revela a noite

De estrelas cintilantes, lua brilhante

O sono que mostrará o sonho do Ser, da Vida

O alvorecer com toda a perfeição da natureza!

Manoel Ferreira Neto

$$$

RITUAL...



Se o espírito implora-me um grito de agonia

Ou a carnação por anelo afogueia-se e abrasa

O verbo aflui-me, não deprecia

E sedenta garra repleta o ritual.

Se o sofrimento oculta-me a pulcra melopeia

Da encantada sem-fim osculando a sílica

Eu adorno-me em feitiços de sirena

Auscultando assim os sonidos da ficção.

E trajo a tez de qualquer fêmea

Ou ainda tudo aquilo que eu pretender

Para entoar e idolatrar em lamentação.

Mas não será descomunal embustice sonial

Afigurar que eu possuo um espírito lunático

Vazando sensibilidades em versos?



Ana Júlia Machado



#RIO DE JANEIRO(RJ), 23 DE SETEMBRO DE 2020, 10:44 a.m. #

 

 


Comentários